É tudo tão perto mas tão longe, cheguei há 2 meses a Portugal e entrei logo em ritmo de trabalho. Desde Agosto que andava a saltar de país em país e até posso dizer de continente em continente, África, Europa e América do Norte. Regressei à base e não vou mentir soube tão bem, engordar alguns kilos que deixei pelo caminho, rever e viver os amigos, estar em família e estar em casa. Porém há um bicho constante que não me deixa querer parar de desvendar e em 2 meses “parada” já só sentia vontade de me aventurar de novo e decidi vir.
Ir é o melhor remédio.
2 semanas é o tempo que preciso para mais uma vez sentir esta adrenalina esta aventura, este auto-conhecimento.
Fiz a mala e vim.
Ontem dormi em casa da Maria na margem sul, ia-me dar boleia no dia a seguir para a estação de serviço de Palmela.
E assim foi, eram 11 e picos e já estava de cartaz na mão, “Algarve” podia-se ler. Foram 10 minutos e apareceu o Sr. Vítor e a Dona Angelina.
“Para que zona do Algarve vais?”
“Tanto me faz, o meu destino final é Marrocos.”
“Vamos para Vilamoura”
Arranca.
Antes de pôr a mochila no porta-bagagem o Sr Vítor com um ar meio a sério meio a brincar pergunta-me
“O que leva aí dentro desse saco? Desculpa-me a pergunta mas há que precaver”
Ri-me.
“Não se preocupe nada de material ilegal nem drogas, apenas comida e roupa”
Quebrámos logo ali o gelo.
Conversa puxa conversa e já me sentia em “casa”.
Parámos a meio caminho para almoçar. No final o Sr. Vítor não me deixou pagar.
“Quando fores mais velha pagas a quem estiveres a dar boleia”
Assim o farei.
Não tinha planos de onde dormir hoje, ia acampar algures, até que os planos surgiram.
“Se quiseres podes passar a noite lá em casa, temos um apartamento mesmo em cima da marina de Vilamoura e temos mais que espaço”
Como assim? Que pessoas incríveis, já me estavam a dar boleia, almoço e agora casa?
Obrigada, obrigada.
Temos que ser uns para os outros.
E agora aqui estou eu, na praia a escrever-te, a escrever-vos para que me acompanhem nesta aventura tão minha mas que em parte é vossa ao mesmo tempo. Quero mostrar que para viajar não é preciso mundos e fundos, basta espírito, disponibilidade, uma pitada de coragem e coração aberto.
O mundo é lindo e está repleto de pessoas lindas, temos que saber encontrá-las ou simplesmente elas encontram-nos.
Sabem, o difícil é partir, dar o primeiro passo, depois tudo se torna mais fácil basta confiar nos nossos instintos, no coração e que o que nos espera vai valer a pena.
Por agora estou a jantar em Almancil, até amanhã .
19.04.17
Marta Durán