Boleias de Sorte

Eram por volta das 9h30 quando saí de casa com a Maria, após uma longa conversa deixou-me na estação de serviço, em direção a Bern. O meu destino final era: Konstanz a 300 km de Lausanne.

Estava sozinha pela primeira vez a pedir boleia, já o tinha feito algumas vezes mas sempre acompanhada e distâncias mais curtas.

Curiosamente não estava com receio, não havia aquela adrenalina a correr-me pelo sangue. Bern era o que estava escrito no cartaz. Nem dez minutos esperei, um Jaguar pára à minha frente e faz sinais de luzes, pulei de alegria.

Era Gui, na casa dos 60, ia para Basel mas passava por Bern. Falámos pouco, o meu francês não é perfeito e dificilmente dou grandes respostas. Ele era arquitecto e fazia aquele caminho todos os dias (pelo menos foi o que eu entendi). Foi uma hora e pouco de caminho com conversas em francês básico. Às vezes pergunto-me porque é que não tomei mais atenção às aulas…

Deixou-me noutra estação de serviço, desta vez em direção a Zurich. O próprio escreveu o destino no cartaz e surpreendeu-me com uma nota de 10 francos (aproximadamente 10 euros) para eu tomar um cappucino…. Não há palavras! Dá-me boleia e ainda me dá dinheiro? OH GUI!!! MERCI BEAUCOUP !!!

Ok Marta! 1ª etapa já está e até foi fácil, pensava eu.

Menos de 10 minutos e pára outro carro, desta vez um Audi desportivo branco todo Xpto.

Hey! Going to Zurich? – disse eu com um sorriso

Yes, come! – Responde Stephen

Mochila para a bagageira e mais uma boleia. Vruummmm, faz o carro… e eu que nunca tinha andado num carro tão potente!

A conversa fluía num bom inglês, o Stephen nasceu na Alemanha mas trabalha em Zurich. Diz ter sido uma coincidência pois nunca passa por ali. (Mas a vida é feita de coincidências pensava eu). Tinha ido a Bern tratar do visto para ir para a Macedónia onde possui uma mina de Zinco! (UAUUU, pensei eu). As conversas rondaram as minas, viagens, e da história da vida dele, como evolui e com 33 anos tem uma empresa e viaja pelo mundo a fechar negócios e na procura de novas oportunidades.

Já tinha estado em Portugal, propriamente na mina de Aljustrel, para um possível investimento mas pelos visto não era rentável.

Disse-lhe que era recém-licenciada em comunicação social e que durante a viagem além de conhecer vinha à procura de oportunidades, de imeadiato disse que tinha um amigo que ao qual poderia ligar e enviar o meu cv, bem dito bem feito, naquele momento ligou ao amigo. Resumindo a chamada: Vou-te enviar o currículo de uma amiga para um estágio, não fala alemão mas fala inglês.

(Vamos ver no que isto dá pensei eu)

Conversa puxa conversa e a viagem passou a voar. Quase a chegar convida-me para almoçar, diz nunca ter tempo e já que tinha companhia (boa obviamente). Aceitei, acho que aprendi a aceitar o que é dado de bom grado, deixemos-nos de cortesias.

Fomos a um restaurante Vietnamita, quem me conhece sabe que sou esquisita, mas também ando a aprender a por a esquisitice de parte. Spring Rols enrolados em alface, comi tudo e estavam bem bons! Já estava cheia mas faltava o prato principal, Noodles Fritos com frango, e que saudades da comida Asiática! Não consegui comer tudo pedi Take-Away era da maneira que tinha jantar. 2 em 1.

Deixou-me num sítio péssimo para pedir boleia, os carros não tinham espaço para parar, estava imenso frio e a chover, felizmente estava debaixo de um viaduto.

No meio deste ambiente perdi a esperança, mas também pouco esperei talvez 30 minutos, quando um maluco pára o carro (Fiat Punto), os outros carros apitavam eu nem percebi para onde ia, simplesmente entrei! O inglês dele era básico, era carpinteiro, estava com umas calças pintadas e tinha mãos de trabalhador. Guiou-me durante 20 minutos, deixou-me numa rotunda em direção a Winterthur (cidade perto de Konstanz). Aqui fiquei 10 minutos até aparecer um senhor num BMW, trabalhava como distribuidor… mais 20 minutos de viagem e deixou-me na saída para o destino final.

Saí e em menos de 1  minuto para um bruto de um Mercedes! Mala para o porta bagagem e rumo a Konstanz!!! Era um rapaz gordinho de óculos, 31 anos, enfermeiro e estava a ouvir 2 pac. O inglês era fraquinho mas deu para manter uma conversa e ele era extremamente simpático, estava de folga!

Deixou-me no centro de Konstanz.

Cheguei, sã e salva, feliz e constipada.

22/10/2016

Marta Durán

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One thought on “Boleias de Sorte

  1. Rosa Maria Da Silva says:

    Que aventura Marta! Gostei imenso do teu relato. A tua formação em comunicação, foi bem absorvida. Parabéns!
    A frase: ” Aceitei, acho que aprendi a aceitar o que é dado de bom grado, deixemo-nos de cortesias.”
    Adorei…continua a crescer como pessoa…beijinho e boas viagens

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