Rodeada de boas pessoas

Ainda em Varanasi quero partilhar os momentos mais marcantes convosco, ao estar sozinha sou um alvo fácil, quer para os acontecimentos maus mas também para os acontecimentos muito bons, e são estes acontecimentos muito bons que vou partilhar com vocês.

Tive sorte, encontrei-me com uma família de 3 catalães o Quico, a sua filha Sira e o Andreu, tem um espírito de viagem incrível e eram apaixonados por Varanasi, e ensinaram-me alguns dos seus segredos e das suas pessoas como o Babu.

O Babu tem um restaurante ‘‘ Nice Restaurant’‘ e uma Guest House onde fiquei hospedada, é um cozinheiro maravilhoso e as refeições foram todas feitas ali, o típico ”Bom e Barato”.

A relação próxima que Quico tinha com Babu permitiu-me aproximar dele e da sua família, e no dia antes da minha partida fui convidada para o casamento da sobrinha da sua irmã ( Acho que estou a dizer corretamente).

Haverá maneira mais épica de começar uma viagem pela Índia? Já estava apaixonada por tudo o que tinha visto e isto agora? Não sei se lhe chame sorte, não sei se lhe chame entrega, estou a absorver tudo e estas oportunidades deixam-me de sorriso na cara.

Era a recepção do casamento, pois já se tinham casado na semana anterior mas os casamentos Indianos podem durar até 1 semana. Não esperava um espaço tão grande, nem tantas pessoas, eram mais de 1000 pessoas! Uma variedade de comida incrível e deliciosa, no meio de tanta gente sentia-me uma indiana disfarçada, a comer com as mãos, a passar despercebida no meio de tanta cor, por vezes olhavam-me e sorriam timidamente.

Toda a preparação foi incrível, vestiram-me um sari (o vestido indiano), maquilharam-me e transformaram-me numa indiana.

Experiências de mergulhar na loucura pura do país não surgem todos os dias por isso aproveitei este momento como sei.

Outro momento que me marcou foi ter conhecido Shukdev, já tenho falado várias vezes no blog que utilizo bastante a plataforma couchsurfing e foi aqui que o conheci.

Levou-me de mota pela confusão das ruas de Varanasi, tudo se passava, a buzinadelas, as vacas a cruzarem-se pelo caminho, os tuk tuk que não têm regras e até pessoas a levarem os corpos para os crematórios. Acho que só vivendo mesmo, não consigo comprar este caos com alguma coisa que já tenha vivido. ”Welcome to Índia” pensava eu a rir.

Levou-me ao Blue Lassi, ao melhor Lassi de Varanasi que estava delicioso, fomos jantar a um restaurante típico e ainda me levou a um templo fora da cidade e explicou-me toda a sua história.

Encontrei-me com o Shukdev várias vezes e criei um laço especial, sentia-me bem com ele e aprendi imenso somo a religião Hindu e sobre a sua cultura. Uma partilha sem filtros onde sempre dei a minha opinião e ele a dele, super curioso sobre a minha vida em Portugal e o porquê de optar por viajar assim.

É pena estas pessoas serem uma pequena passagem na vida, pois há tanto para falar, dei por mim perdida nas horas a receber tanta informação. Foi incrível.

Se passarem por Varanasi e este ser é uma das pessoas que têm que conhecer, mas têm que estar preparados porque vão aprender muito desta só pessoa.

Obrigada Shukdev.

Varanasi, um amor à primeira vista

Depois de 5 meses no Nepal sinto-me renovada, todos os ensinamentos  que as montanhas me ofereceram, todas as pessoas que conheci, e a paz e felicidade que preencheram a alma e o coração.

Pudesse eu explicar o que sinto através de palavras, fosse eu um Fernando Pessoa e faria dos sentimentos um livro que moveria mundos e vidas, não sendo, movo o meu mundo escrevendo o que sinto já me é suficiente.

Agora ao iniciar a minha viagem pela India pergunto-me,

Será possível apaixonar ao chegar?
Será possível ser abraçada pela cultura e religião?
Pintaram-me o caos e assustaram-me com histórias tuas, mas não passou disso. Ao sentir-te apaixonei-me.
Olá Índia.
Olá Varanasi.

Varanasi é a cidade habitada mais antiga do mundo e a mais sagrada da Índia, a cidade onde muitos escolhem terminar a sua passagem por esta vida porque acreditam que se a suas cinzas forem deitadas no rio Ganges acabam com o ciclo da reencarnação e alcançaram a paz interior. O rio sagrado nasce nos Himalaias e  cruza uma Índia que o cuida de uma forma especial, especialmente em Varanasi.

Ao longo dos Ghats (portas) é possível ver as pessoas a tomarem banho, darem banho às vacas, lavarem a roupa, os dentes e até a beberem água. Resumidamente tudo se faz no Rio Ganges.

Neste rio são atiradas as cinzas dos corpos previamente cremados nos ghats, os corpos das crianças, das mulheres grávidas, dos animais, de pessoas mordidas por cobras, ou doentes de lepra são afogados pois estes não podem ser cremados.

Uma caminhada pelos Ghats tem muito que se lhe diga, é um ensinamento, uma escola. Fui questionada uma série de vezes, acompanhada por locais curiosos sobre mim, o que fazia ali, quem eu era e no que acreditava. Partilhando comigo a sua sabedoria ganha ao longo dos anos de meditação e encontros interiores.

Há sempre coisas a passarem-se ao longo do rio, por isso o melhor é sentar e desfrutar o ambiente, as pessoas, as conversas acompanhadas pelo belo chai.

Passei horas sentada a escrever e falar com estranhos, bebi um número incontável de chais e apaixonei-me por esta cidade.

O que fazer por Varanasi?

1.Uma volta de barco e ver o nascer do sol.

A não perder não só pela bola de fogo que nasce no rio Ganges, mas por todo o ambiente do acordar de Varanasi, a mística que há no rio pela madrugada. Já há pessoas a tomarem banho, outras a rezarem e outras a lavarem a roupa.

Pelo barco é possível ter uma vista mais panorâmica sobre os ghats.

2. Beber chai e sentar nas escadas a observar e absorver

O meu preferido! Tive oportunidade de falar com muitos locais sobre a vida em geral e conseguir compreender mais a visão do hinduísmo. Ver a morte com outros olhos e a beleza que é o apego que estas pessoas têm a este rio, e o carinho com que o cuidam.

3.Ceremonias de fogo na ghat Dashashwamedh

4. Amanhecer no Asi Ghat e aproveitar a aula grátis de Yoga

5. Perder-se pelas ruas de estreitas Bangali tola e descobrir a beleza de o dia-a-dia na cidade mais velha do mundo.

6. Tomar um Lassi na famosa loja : Blue Lassi