Casamento Nepalês

” Martina, later wedding?” Pergunta-me a mummy (a minha mãe Nepalesa) no seu inglês peculiar.

Aceito sem pensar duas vezes, estou cá nem há 2 semanas e já sou convidada para casamentos? Não sei se voltarei a ter uma oportunidade destas.

A mummy emprestou-me um Sari (veste tradicional), arranjei-me e fomos.

Sobre o casamento no Nepal:

Aqui a celebração do casamento pode durar até 1 semana, são casamentos luxuosos e vibrantes. A religião dominate no Nepal é o Budismo e o Induismo, este era um casamento budista. Hoje em dia ainda é muito recorrente os casamentos arranjados pelas próprias famílias, principalmente os noivos têm de ser da mesma casta (classe social) há um número incontável de castas mas a classe social normalmente é vista pelo o apelido familiar.

O casamento segue-se com algumas tradições, porém eu estive presente na festa, os noivos já se tinham casado uns dias antes noutra cidade do Nepal.

Desde a minha chegada os noivos ficaram no palco junto do trono a receber as pessoas, familiares e amigos. Cada convidado oferecia um khata (cachecol normalmente feito de seda) ou um ramo de flores. Aquando festividades, casamentos, funerais, nascimentos chegadas ou partidas é oferecido um khata como sinal de pureza e compaixão. (Eu própria antes da partida de Lisboa recebi um khata do Kamal e na chegada a mummy recebeu-me com outro).

(O meu pensamento foi, será que guardam todos os khata? Aos poucos iam-nos tirando do pescoço porque senão chegavam ao final da noite sem espaço para mais.)

E num casamento o que é que não pode faltar? Na verdade nós, convidados só vamos ao casamento por uma simples razão COMIDA.

Aqui não foi excepção, obviamente que não vim pela comida, mas não vou mentir foi um dos pontos altos da noite, tive a oportunidade de experimentar vários pratos típicos (somente os vegetarianos, que na verdade eram a maioria) e as sobremesas!

Mas isto não é tão fácil como parece, tem todo um processo ”esquisitóide” da minha parte.

Primeira pergunta:

”É vegetariano?” – se a resposta for sim, passo para a próxima questão;

“É picante?” – aqui tenho sempre várias respostas e há que saber descodificar bem a pessoa pelo seu sorriso e olhar .

-”yes” ok, ele tem completamente razão, quando eles dizem que sim é porque até dá para cheirar o picante à distância ( e não estou a mentir) de certa forma até os olhos lacrimejam.

–  “A little bit” e este ”um pouco” torna-se um picante extremamente picante para o meu paladar.

E depois há dois tipos de ”No”, o não verdadeiro que de acordo com os meus gostos é comestível e consigo apreciar e depois há um ”não” que ainda assim a comida é picante mas nada que 1 litro de água durante a refeição não resolva.

Aqui vão alguns pratos deste casamento:

Por fim depois do jantar foi a hora da dançar, música Nepalesa e música Indiana todo um novo estilo que eu nunca tinha observado (quem conhece a maneira meia Africana que danço vão ver agora um acréscimo Nepalês).

A pista situava-se no centro da sala em forma de circulo e estava rodeada por cadeiras com pessoas a assistir, as mulheres dançam com as mãos e a anca e os homens dão uma espécie saltos e mexem as pernas para os lados.

Aqui vos deixo com algumas fotos que tirei no casamento:

10.07.2017

Marta Durán

Casa nova: Katmandu, Nepal

Namastê,

Foi uma chegada atribulada, o voo aterrou de emergência (demoraram 3h em arranjos) e ao chegar ao aeroporto a minha mala tinha sido extraviada.

O Bishwo (irmão do Kamal, o director da escola) estava à minha espera e seguimos até casa de carro.

Olhava em redor e tudo era diferente, as cores, os cheiros, a confusão, as pessoas.

Está um calor húmido que nos primeiros momentos custa a respirar, a roupa cola-se ao corpo e num instante estamos pegajosos. Em Macau também era assim, recordava.

Toda a gente apita sem motivo, as regras de trânsito parecem não existir, ou na verdade cada um faz as suas regras.

É uma aventura cada vez que se sai à rua, desviar das poças de lama, usar máscara quando o pó é demasiado, atravessar estradas entre o amontoado de carros e motas, e tentar não ser atropelada porque a invenção das passadeiras aqui é apenas um efeito estético, pedir comida sem picante (quando eles dizem ”it’s just a little bit” é porque para mim é extremamente picante) e pedir um táxi com meter tcha (taxímetro).

Os Nepaleses são acolhedores e apresentam sorrisos constantemente, prestáveis e muito curiosos.

Os meus primeiros dias têm sido fantásticos, a Teresa que é a professora que eu vou substituir tem feito de tudo para me integrar aqui, mostrou-me a cidade, apresentou-me a Catarina ( voluntária da Obrigado Portugal) e o Matt que trabalha cá.

Já percorri parte da cidade e ainda é possível ver os destroços que o terramoto provocou.

O que vim para aqui fazer perguntam?

Vim dar aulas de Português na primeira escola Portuguesa no Nepal, vou ser a segunda professora desde que a escola abriu.

A escola ”Onovato” foi criada com o objectivo de dar bases de Língua Portuguesa aos Nepaleses que vão emigrar para o nosso país, e desta forma facilitar a sua integração na nossa cultura, ajudar na procura de trabalho e ainda aumentar a ligação destes dois países.

Vejo esta escola como uma enorme expansão da nossa língua pelo mundo e sinto orgulho em fazer parte deste projecto.

Deixo-vos com algumas fotografias:

Chefchaouen, o paraíso Azul | Marrocos

Chefchaouen, chamei-lhe de paraíso azul, é uma cidade situada no Norte de Marrocos, rodeada das montanhas Riff, esta área é ainda conhecida pelas plantações de haxixe.

É uma vila que hipnotiza pela sua cor, pelos seus cheiros e pelas suas ruas. Para quem vive em Lisboa é uma comparação ao bairro de Alfama mas todo azul.

É fácil perder-se e até dá um certo gosto, as pessoas sorriem ao contrário de outras grandes cidades, uma cidade pitoresca que dá vontade de voltar. Tive a sorte de ter uma visita guiada pela cidade com a Arlene que estava também a fazer couchsurfing com o Nabil (Marroquino) que era professor de matemática.

Após uma pequena caminhada até ao miradouro sou surpreendida por esta paisagem:

Caminhar pela medina é refletir e aproveitar a paz do sítio, ainda que seja turístico é possível escapar. Ainda fiquei apaixonada pelo mercado, onde vendiam desde legumes a fruta tudo fresquinho e barato!

Aqui os velhotes não gostavam que os turistas tirassem fotos, creio que por invasão de espaço ou provavelmente ainda acabam num postal! É compreensível!

Deixo-vos com algumas fotos deste sitio magnífico e se forem a Marrocos não deixem de passar por Chauen.

 Azul é tranquilidade e harmonia e é isso mesmo que esta cidade reflete para os que lá passam. O Azul simboliza o céu, o mar e o infinito. Estar nesta cidade acalma a alma.

Boas boleias!

Abril 2017

Marta Durán

Tânger tornou-se especial | Marrocos

Esta aventura a Marrocos começou atribulada depois de 2 dias à boleia de Lisboa até Algeciras cheguei e os barcos não faziam a travessia até Tanger Med devido aos ventos fortes. Assim fiquei 1 dia parada naquela cidade onde pouco se faz, porém tive a sorte de ficar num hostel com ambiente familiar onde me trataram super bem.

Não queriam que me fosse embora, mas há dias assim, o chamado dia da despedidas. Acredito que deixamos sempre um bocadinho de nós por onde passamos e comigo levo parte deles.

Já no porto:

Filas e filas de pessoas que já estavam há 3 dias sem barco.

A entrada no barco estava demorada e a meu lado estava Filipe de prancha na mão, sozinho também, acabámos na conversa  e dei por mim já acompanhada até chegar a continente Africano.

A travessia foi morosa muita ondulação e antes de sair ainda tive que esperar 1 hora na fila para ter o passaporte carimbado!

O Ferry para em Tânger Med que fica a cerca de 50km de Tânger.

Fui até ao autocarro que apenas custava 7 Dhr (70 cent) no entanto não aceitavam notas e eu também não tinha moedas, tive a sorte de um senhor super simpático que também esperava o autocarro pagar-me eheh

Chegada a estação esperei 10 minutos pelo Achraf o meu anfitrião do couchsurfing, fomos de imediato deixar a minha mala a sua casa, disse que íamos de táxi (Achei-o muito fino inicialmente por andar de táxi mas depois percebi o esquema)

Fomos até à estação de táxis e entrámos num táxi com 5 pessoas lá dentro sim eu primeiro achava que já estava completo mas não 3 pessoas à frente e 4 atrás cada um paga 5 DRH (50 cent) e foi assim que nos transportámos todos os dias! Tipo sardinhas enlatadas .

Fomos logo jantar couscous com legumes e ele um peixinho frito.

Os colegas de casa do Achraf:

O Achraf acompanhou-me o Domingo todo e fez-me sentir como uma verdadeira local:

Pequeno almoço a 1 euro e pouco, uma sandes de queijo barrado com ovo cozido e um sumo de laranja natural.

Foi dia de clássico Barcelona-Real Madrid e fui assistir ao jogo a casa de um amigo Marroquino porém encontrei pessoas de todas as nacionalidades!

Posso dizer que os Marroquinos são loucos pelo futebol e foi um jogo muito intenso!

Fomos beber o típico chá ao café Hafa, bastante popular em Tanger pelo seu chá e pela vista em redor.

Só posso agradecer ao Achraf pelo fim-de-semana que me proporcionou em Tânger, de couchsurfing a um amigo super atento e simpático! Mais uma vez a minha teoria de que as pessoas tornam os sítios especiais confirma-se até uma próxima querido amigo.

Marta Durán

23.04.2017

Washington Dc

Fiz a mala e vim, fiquei em casa do Kengo (couchsurfing) que me recebeu de braços abertos na sua casa partilhada com a Bonnie e a gata Clyde. O Kengo esteve 3 anos na Namibia a fazer voluntariado. Diz que foram os melhores anos da vida dele aprendeu a falar alguns dialectos, a cozinhar com pouco e diz que deixou o coração em África e disso já é uma coisa que temos em comum. É meio Americano e meio Japonês, os pais são Japoneses mas ele nasceu cá.

Neste momento está a trabalhar em Dc numa firma de advocacia do ambiente ( não percebi bem o que fazia), a verdade é que trabalha demasiado… Os Americanos têm um grande ritmo de trabalho, trabalham horas a fio tem 30 minutos de almoço ( e é se têm) e só podem gozar de 17 dias de férias por ano (depende da empresa). Tive pena do Kengo e disse-lhe logo que aquilo não era vida.

O meu host Kengo

Washington é provavelmente dos sítios mais falados hoje em dia, pois é onde tudo está a acontecer neste momento, não se fala noutra coisa senão o presidente Trump. Bem não foi por isso que vim óbvio, porém devo confessar que foi interessante ver alguns protestos.

Tive a sorte de estar um tempo bestial percorri a cidade toda a pé! Fui a alguns museus e para minha sorte eram todos grátis!!! Se não fossem teria de pensar 2 vezes antes de entrar…

Esta escapadela deu para arejar a cabeça e tomar algumas decisões.

Tive a oportunidade de rever uma amiga de Macau que foi brutal!!!! Há coisas incríveis de Macau para Washington… fiquei tão feliz quando a vi, ainda por cima foi uma ajuda preciosa durante a minha estadia por lá.

Agora de volta a ”casa” e pronta para outra saída 🙂

10.02.2017

Marta Durán