‘’Há coisas que só podes fazer por ti própria’’

“Tenho a certeza de que hoje somos senhores do nosso destino, que a tarefa que temos perante nós não está acima das nossas forças; que as dores e dificuldades não estão para lá das nossas capacidades de resistência física. Enquanto tivermos fé na nossa própria causa e uma indominável vontade de ganhar, a vitória não nos será negada.”

 Winston Churchill

Vou voltar ao momento da partida, aliás do antes da partida.

-Acabei o curso;

-Trabalhei nos tuk tuk para juntar dinheiro;

-Fui para Cabo Verde em voluntariado;

-Fiz os Caminhos de Santiago, em busca de respostas;

Sim, realmente estive bastante ocupada, até que assentei… e quando isso aconteceu vi-me sem saber o que fazer, com toda a gente nas suas rotinas de faculdade ou estágio/trabalho e eu a bater com a cabeça nas paredes (literalmente).

Os 3 anos da Faculdade foram de longe os melhores, conheci pessoas incríveis integrei num grande projeto, fiz um intercâmbio e uma viagem que são de invejar e não parei. Nem tudo foi fácil, nunca é.

Vi-me em Setembro de 2016, depois de um ano memorável, perdida, ‘’sozinha’’ e sem grande visão para o futuro.

Tomei a decisão de agarrar esta oportunidade e torna-la em algo muito bom, pelo menos tentar. Há dias mais difíceis que outros, claro, e esta viagem tem sido uma escola onde consigo ser aluna e professora, é uma constante aprendizagem, sobre o ‘’eu’’ e sobre as pessoas que se cruzam no meu caminho.

Já alguém me escrevia:

 ‘’Há coisas que só podes fazer por ti própria’’

E se há, e nunca nos podemos esquecer que ‘’quando se fecha uma porta, abre-se outra’’, o caminho é incerto e demorado, mas faz parte. Se fosse fácil não tinha piada não é?

E sabem? só quem procura encontrará; 

(Vamos lá ver o que encontro)

2 semanas e pouco. Para ser mais precisa 20 dias. 50 euros gastos. 2,50€ em média por dia, com 1 voo marcado.

Lausanne, Konstanz, Munique, Salzburgo, Pfrozheim, Frankfurt, Maastricht e agora Zwolle.

Viagem feitas de encontros e reencontros. ‘’Encontros marcados’’ como diria Gonçalo Cadilhe.

As conversas começam sempre da mesma maneira, um Olá com um sorriso curioso, perguntas como: O que andas por aqui a fazer sozinha? O que estudaste? Não tens medo? E depois da viagem?

E acabam com um abraço ou um forte aperto de mão dizendo: ‘’good luck!’’

Durante esta viagem tenho aprendido o quão incrível é confiar nas pessoas, elas surpreendem-nos de uma forma que eu desconhecia… Alteram os seus planos, as suas rotas e disponibilizam o seu tempo para mim e indiretamente para elas, porque desabafam e conhecem outra história de vida, a minha.

Hoje à espera de uma boleiazinha numa estação decidiram oferecer 2 iogurtes, o que me ri… só pensei será que pareço assim tão sem-abrigo? Mas afinal de tudo foi só bondade para com duas jovens viajantes. Depois desta oferta, numa boleia onde as conversas foram sobre economia, ordenados e café, e onde eu Marta que adora café e é provavelmente onde gasto mais dinheiro nesta viagem, disse que aqui era impossível pagar 2,50€ cada vez que queria satisfazer este desejo, o amigo no final da boleia deu-me em dinheiro o valor de 2 cafés Holandeses (para mim e para a Mafalda)… não é isto incrível?  E lá os gastei num delicioso cappuccino.

Obrigada, aos desconhecidos que se tornaram conhecidos.

Obrigada, a todos os que me acolheram.

Obrigada, às boleias.

Obrigada, aos amigos e família.

07/11/2016

Marta Durán

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