Surfar em sofás

Escrevo frequentemente sobre couchsurfing e sobre as pessoas que me recebem, tenho tido uma sorte enorme. Desde que comecei a viagem ainda não fiquei em nenhum hostel e isso tem-se tornado na melhor parte desta aventura.

Para mim couchsurfing é muito mais do que não pagar para dormir. É partilha de vivências, troca de culturas, troca de hábitos, dar e receber. Cada pessoa que me recebe é diferente e faz as coisas à sua maneira. Mas sabem o que é incrível?

É chegar a casa da pessoa e parecer que já nos conhecemos à décadas, como é que isto é possível? Uma troca de palavras e já me sinto em casa…

Vou-vos mostrar onde e com quem tenho pernoitado:

Praga, Republica-Checa:

Hana, Tom e Aliska esta familia juvenil que me recebeu tão bem em Praga! Estabeleci mais relação com Hana em que conversámos durante horas sobre histórias engraçadas de viagens e rimos que nem doidas! Cozinhámos juntas, e eu fiquei de cortar o pepino… mas têm que perceber que ainda sou nova na cozinha, então gozaram comigo sobre a maneira como o cortei, disse que era artístico e o sabor iria ser o mesmo!

Esta foi a noite que a Mafalda foi embora… Obrigada pela companhia e pelas partilhas espero que tenhas gostado da ”minha” boleia porque eu fiquei encantada com o teu design eheh. Até já.

Nurembergue, Alemanha:

Recebida por uma família fantástica, Lawrence e Peggy ambos professores ele British ela Americana! Tinham a gata Lilly muito querida, mesmo quando me arranhou!

Prepararam-me um jantar vegetariano delicioso, e pela primeira vez nesta viagem jantei ”em familia” soube bastante bem! Foram super cuidadosos e ainda tivemos tempo para falar música! O Lawrence é muito engraçado, é um adulto que parece um jovem, é ciclista, guitarrista, fotografo e artista. Está sempre a inventar pelo que percebi mas é bom! Têm ambos uma vida bastante activa e a casa está decorada pelos couchsurfers!

Falando da gata a Lilly pela manhã presenteou-nos com 2 ratinhos mortos… bahhh

Dresden, Alemanha:

Depois de 5 boleias até Dresden, a última decidiu deixar-me à porta do meu host, um casal mega simpático! Danke.

Pradeep, 26 anos, Indiano e está a estudar Engenharia Civil.

Mal cheguei fomos visitar a cidade juntos, fingiu  ser um óptimo guia turístico (isto porque não sabia a história e rimo-nos imenso com a situação) e levou-me a ver os monumentos principais da cidade. Ainda passámos pelos mercados natalinos só para ver e cheirar, porque os preços são muito elevados! Enquanto cheirar for grátis nós aproveitamos! Diverti-me imenso.

Leipzig, Alemanha:

A Kamila mal respondeu à minha mensagem convidou-me para ir com ela e com a filha à piscina e à sauna. Porque não? Até tinha posto um bikini na mala por mero acaso de isto acontecer!

E lá fui, e estava tudo bem até que entrei na sauna, onde a regra era toda a gente tinha de andar nu. Homens e mulheres tudo misturado. Desculpem mas isto é demais para mim!

Era todo um mundo de nudistas à minha frente a badalar… Não quis dizer que não à Kamila, tapei-me com a toalha. Até que tive que tirar para entrar numa sauna. Corria por todos os lados e tapava-me com as mãos que tinha e que não tinha.

Tive que aceitar. A verdade é que fui uma vez e já não voltei.

A Kamila insistia mas eu dizia que preferia a piscina!

Passei 3 dias com elas e foi um bom descanso. Comi super bem e senti-me mais uma vez em casa!

Berlin, Alemanha:

Antes de chegar a Berlin:

Com temperaturas quase negativas torna-se dificil pedir boleia, as mãos congelam. Estava farta de estar parada no mesmo sítio, decidi andar, sem parar para aquecer! 5 km e achei que tinha chegado ao ”spot” perfeito. Esperei… Vejo passar um carro com ”B” na matrícula, isto quer dizer – BERLIM!!

SORRI E MOSTREI A MINHA DENTUÇA TODA. – NÃO PAROU! BOLAS. Shizer.

De repente… o marmelo dá meia volta e pára ao meu lado… Olha parece que mudou de ideias.

Parece que estou com os dentes brilhantes, pensei!

Audi A6, e diretor de uma empresa farmaceutica, super simpático, viagem de 2 horas e tal, não parámos de falar… sobre tudo, história da Alemanha, amor, viagens, aventuras, política, América e comida. Parou para abastecer e ainda tive direito a um cappucino! Quere-se mais viagens destas, please! Onde andam os Alemães carrancudos que toda a gente falava? é que eu ainda não os encontrei.

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Chegueiii.

Ainda tive tempo de me ir despedir da Mafalda que estava por Berlim! <3

Às 5.30 encontrei-me com Hazem, 40 anos, natural de Cairo, Egipto. O meu host !

Chegámos a casa e de imediato falámos, é uma pessoa super interessante e com um coração enorme. Mostrei-lhe videos de Lisboa e como ele ficou apaixonado, queria logo marcar uma viagem, disse-lhe que quando for eu tenho que lá estar e nos próximos tempos não vai fácil encontrar-me (ahahah). Ele tinha uma guitarra,tocámos e cantámos… fez-me sentir saudades!

Depois nem vão acreditar! Fomos dançar SALSA! sim.. eu a dançar Salsa…

Antes de ir para a pista brilhar tive uma aula para principiantes… apanhei os passos básicos e lá me desenrasquei!

A pista abriu, as primeiras músicas dancei com o Hazem, mas depois o suposto era trocar de par. E assim foi:

Os dançarinos:

  • Um velho alemão com sapatos bicudos e padrão de vaca… (NEXT PLEASE)
  • Cubano da minha idade e sabia dançar! Ainda falámos espanhol… mas oh filho dançar e falar não dá.

Resumo da noite: Entrei pé de chumbo, saí pé de chumbo mas diverti-me à brava!

DCIM103GOPRO

E por agora é isto amigos! Até à próxima

DCIM103GOPRO

01/12/16

Marta Durán

I’TS COLD! FREE HUGS! :)

Estou em Dresden, Alemanha. Tudo está enfeitado de luzes natalinas, barraquinhas com comes e bebes e músicas dedicadas à época. Percorro a cidade com os olhos a brilhar, com um sorriso na cara e penso

”O Natal está aí”

Vejo as famílias na rua, vejo pedintes ao frio, vejo cantores de rua e artistas sem fim.

Hoje após um passeio pela cidade senti que faltava alguma coisa para completar o meu dia e o dias dos outros.

Está frio e bastante, a minha respiração transforma-se de imediato naquele vapor de inverno, quando era criança adorava fingir de dragão, na verdade ainda hoje brinco com o vapor , o nariz está vermelho já sou o Rodolfo e as mãos doem e estão inchadas.

Se eu me sinto assim as pessoas também, e falta um sorriso na cara destes Alemães!

Missão: abraçar, aquecer e fazer sorrir!

Foi a primeira vez que fiz isto na minha vida, tinha uma caneta comigo (das boleias) fui a uma loja e pedi uma folha, fácil. Meti-me no meio de uma rua movimentada e levantei o cartaz e sorri!

Perdi a conta das pessoas que me abraçaram… Crianças, adultos e velhotes. Não estava à espera, o tempo passou a voar e mais pessoas corriam em busca dos meus braços. Recebi sorrisos e muitos olhares tímidos.

Tenho um abraço que me marcou, aliás três. 3 crianças, refugiadas estavam a mendigar e não perceberam o meu cartaz, pensavam que eu também era pedinte. Até que lhes dei um abraço voltaram vezes sem fim para receber abraços. Falámos disse-lhes que era de Portugal e falei de Ronaldo sorriram e fingiram que estavam a jogar à bola, uma delas a brincar comigo até disse Messi. Este momento já valeu a pena!

Antes de vir para Alemanha o estereótipo já vinha, são pessoas frias que se cumprimentam com um aperto de mão, não são sorridentes e pouco comunicativas.

Sabem? Recebi abraços apertados, com amor e aconchego. Recebi palavras doces e suspiros fortes. Recebi muita alegria e paz e era isso que queria.

Hoje foi a minha vez de dar boleia aos outros com o meu abraço forte .

26/11/2016

Marta Durán

Checo-brasileiro

Depois de uma paragem rápida em Brno na casa de Pavel o nosso host surfer, que nos presenteou com um belo jantar, uma visita guiada à cidade, um mini concerto de piano e uma bela lareira.

Fizemo-nos à estrada, rumo à estação de serviço em direção a Praga. Não chegava a uma hora de espera quando um senhor com um belo de um Mercedes aceita supostamente levar-nos a outra estação de serviço já na auto-estrada, aceitámos prontamente.

Até que…

Pára na berma da auto-estrada e aponta para o outro lado onde estava a estação de serviço. Queria que atravessássemos para o outro lado a pé! Com carros a mais de 120km hora! TÁ LOUCO!!

Só pensei, é obvio que não vou passar isto a pé é morte certa. Lá nos deixou noutro sitio péssimo para apanhar boleia.

O ca**** estragou-nos o dia – Pensei

Lá ficámos naquele sitio que mal dava para os carros pararem. Não iríamos sair dali tão facilmente.

Plano bomba: Andar 40 minutos até essa mesma estação mas pelos caminhos de cabra. E assim foi. Mala às costas e um bom ritmo. Até parecia que estava a fazer os caminhos de Santiago de novo.

Chegámos à estação depois de uma boa caminhada… isto é de loucos.

Sentei-me, a Mafalda foi comer (GORDAAAA).

Estava à porta da bomba com o cartaz a dizer Praha, dali já não saia nem que dormisse ali.

Até que…. Patrick faz sinal afirmativo ao meu cartaz!  Que alegria!

Diretas para Praha… até que,  Patrick diz ”Podemos falar português a minha ex-mulher é brasileira e eu aprendji um pouco” Com aquele sotaque tão estranho e engraçado.

Só me posso rir, mas que coincidências… É sempre bom ouvir português quando estamos fora.

A Mafalda adormeceu, ficámos a falar do seu filho, de viagens, boleias, Brasil e sobre a Republica Checa!

Já quase a chegar a Praga convidou-nos para ir passear com o filho Samuel, que ia buscar assim que chegasse. Aceitámos claro! Levou-nos a Vysehrad Castle ofereceu-nos um cappucino e Trdelnik um bolo típico destas zonas (já tínhamos provado em Budapest, é tipo fartura mas no forno, na minha opinião menos enjoativo).

Demos um belo passeio com a nossa boleia… Pouco preciso de dizer, adorei esta boleia!

Obrigada Patrick e Samuel

”Vemo-nos por aí”

22/11/2016

Marta Durán

Budha em Viena

Esta viagem por mais Europeia que seja tem sido super espiritual, desta vez tive a sorte de ser hospedada por Rainbow, uma senhora que nasceu no Tibete mas por causa da guerra teve que fugir e acabou na Suíça, anos mais tarde decidiu ir viver para Viena onde hoje é terapeuta e massagista.

Quando entrei em casa senti-me em paz, o cheiro a incenso a imagem de Mahatma Ghandi e outros monges. Recebida com um abraço forte e 2 beijinhos, quando esta mulher falava transmitia uma paz enorme… contou-me histórias incríveis.

Além de mim e da Mafalda estavam mais couchsurfers, um Indiano, um Americano e o Alex um Romeno. Tal vai a misturada!

O Alex veio explorar connosco a cidade, tudo a pé! Queria ele que comprasse um passe diário de 7 euros.

‘’Oh amigo a sola do meu sapato ainda não está gasta, consegue andar a cidade toda.’’

E assim foi percorremos a cidade toda a penantes e não tenho uma opinião muito concreta sobre Viena, tem edifícios lindíssimos e com uma arquitectura diferente e antiga. Apanhámos muitos mercados natalícios o que enriquecia mais a cidade!

20/11/2016

Marta Durán

Hector o condutor maluco

São 14h48 e estou neste momento sentada num Macdonalds em Brno, na Republica Checa. Parti hoje de Budapeste em busca de boleia, eu e a Mafalda.

Após um metro e um autocarro estávamos na estação de serviço de polegar esticado e com um papel a dizer Gyor. 20 minutos e pára uma carrinha. Troca de gestos e nomes de cidades, vai para BRNO!!!

Pulámos de tanta alegria, saiu-nos a sorte grande quase 300 km de caminho apenas com 1 boleia… lugar certo à hora certa.

Hector, não falava inglês, gostava de música, alta, muito alta.

Gostava ainda de meter o pé no acelerador, e de ultrapassar a toda a hora e não parava com o cu no banco, estava-se sempre a baloiçar.  Protestava com todos os outros condutores, eu na minha cabeça apenas imaginava o que ele dizia:

‘’Car**** sua besta, tiras-te a carta na farinha amparo??? DEIXA-ME passar!!’’

ou então,

‘’Sua va*** estou com pressa não vês, SAI JÁ!!’’

Felizmente os travões funcionavam, ele fez questão de fazer uma paragem brusca para nós confiarmos, fui à frente e voltei! Fiu…

Só me podia rir com a situação, ele era maluco, se não os podes vencer junta-te a eles. E assim foi! Dancei e cantei que nem uma parva, já sou profissional em charadas e sei traduzir na perfeição o que ele me transmite!

Cheguei viva e com boa saúde, um bocado zonza de tanta ultrapassagem, mas está tudo bem!

21/11/2016

Marta Durán

Anjo vindo do céu

‘’Hello,Hello, Hello the airport is already open you can’t be sleeping’’ Foi assim que nos acordaram, eram 6h45. Até dormi bem! Arrumámos tudo e lá fomos.

Para ir para o centro de Veneza tínhamos que apanhar um autocarro que custava 12 euros, o mesmo preço que o voo. Não achei piada nenhuma. Sentámo-nos a tentar resolver a situação. Até que após meter conversa com uns latinos (que também pernoitaram no aeroporto) eles surpreenderam-nos com 2 bilhetes que tinham comprado no dia anterior, mas tinham perdido o autocarro… Isto é a sério? Fui ver se funcionava, afirmativo! Acabámos de poupar 12 euros cada!!! Mas que sorte dos diabos.

‘’Veneza é muito caro’’ ouvi eu um número inestimável de vezes, ou escolhi os melhores sítios para se comer ou então não sei.. o café foi dos mais baratos que paguei na europa 1 euro (era um café dos chineses, estão por todo o lado)

Percorremos Veneza de mala às costas, não foi a típica viagem romântica, mas divertimo-nos imenso! É de facto uma cidade diferente que vale a pena visitar, quem tiver possibilidades deve andar na gondola que custa 80€, nós vimo-las passar e realmente nas fotos ficam muito bem.

Liubliana

Capital da Eslovénia, choque inicial foi o sinal: CONA. Peço desculpa aos mais sensíveis mas grandes risadas que este sinal proporcionou!

Até já Liubliana

Depois de 1 hora à espera que alguma alma caridosa parasse e nos levasse para Bled heis que aparece o, Zyeka a boleia que foi tudo menos normal, primeiro tudo ele ia em direção a Trieste (Itália) que era para o lado contrário, disse que nos deixaria numa estação de serviço até que tudo era uma ‘’shit’’, Nada era bom a auto-estrada, a estação de serviço NADA! Então pronto decidiu deixar-nos em Bled, fez mais 70 km para nos deixar e depois ia voltar tudo para trás!

Foi a boleia onde mais me ri, falava pelos cotovelos, era um business men, vendia bugigangas na praia e a lojas, diz que trabalha 5 meses por ano e os outros 7 meses viaja. Tinha acabado de chegar da China e só sabia dizer mal de tudo e asneiras na verdade. Ri-me que nem uma doida!

Lá chegámos e o Zyeka fez o favor de nos pagar um cappuccino, e disse para não pouparmos o dinheiro dele! Tinha a constante mania de falar comigo e dar-me cotoveladas ao mesmo tempo, só me podia rir. Obrigada Zyeka vemo-nos em Portugal ou algures.

A nossa boleia!

Lago Bled: Palavras para quê?

Recebi uma mensagem, a pessoa que nos ia acolher em Bled cancelou à última da hora…. E agora?  Voltamos, e ficamos em casa da minha amiga! Ok boa!

Lá vamos voltar para Liubliana, paragem rápida! O Simon esteve 2 dias num congresso na zona e estava naquele preciso momento a voltar para casa.

Bem e que boleia esta, o Simon esteve 2 anos e meio a viajar pelo mundo com a sua mota… histórias incríveis, neste momento trabalhava diz que não tem tempo para nada é ”workaholic” e tem que mudar algo na sua vida. 1 hora tal de conversa e não resisti em pedir o contacto!

Deixou-nos no centro da cidade.

2º problema, afinal não podemos ficar em casa da minha amiga. E agora? Bem ou dormimos na rua ou não sei, tentei contactar amigos e nada…. Até que recebo uma mensagem do Simon a perguntar se tínhamos chegado bem. Cá está a nossa solução. Disse-lhe que não tínhamos sitio para ficar e imediatamente ofereceu-se, apenas tínhamos que ficar à espera dele 3h! E assim foi!

Foi um ”Anjo vindo do céu”

Um mega jantar com tomate e mozzarella a acompanhar com um vinho esloveno! Partilha de experiências e viagens… Fiquei com vontade de agarrar na minha scooter e percorrer o mundo.

Mil Obrigadas Simon 

17/11/16

Marta Durán

Dormidas loucas

Nem sei por onde começar, depois de Leiden partimos em direção a Rotterdam onde apanhámos uma boleia  de um senhor muito simpático com um riso histérico e muito característico.

Deixou-nos à porta do nosso host.

Já tinha todas as indicações deixadas por Hans (o host). Disse que provavelmente não estaria em casa quando chegássemos então escreveu:

‘’ Vou deixar as chaves numa frecha em cima da porta de entrada. Podes tirar as chaves e abrir a porta. Sobe todas as escadas e quando chegares caminhas para a direita. O segundo quarto do teu lado esquerdo é para os couchsurfers‘’

E assim foi, senti-me num filme a ir passo a passo à descoberta do tesouro.

E fiquei impressionada com o ‘’hostel’’ que o Hans ali criou.

Abri a porta do quarto e Miguel, outro Couchsurfer recebeu-nos com um sorriso!

Olho em volta e estou numa casa com 2 andares onde o 1º era só para nós, com 1 casa-de-banho, 1 duche, 1 cozinha e 1 quarto com uma cama de casal e 4 colchões espalhados pelo chão. Bem o que vos parece? Para mim serve.

Desarrumação total e a limpeza não estava nos trincos mas é perfeito.

Passei 2 noites, conheci o Kofi do Gana que estava lá a estudar e que ainda me proporcionou uma grande conversa. Lá o espero em Portugal com casa garantida claro! (Se por lá andar)

Esta estadia acabou comigo a acordar picada por ‘’bed bugs’’, ou seja, percebejos mas não soa tão bem. Pois a vida tem destas coisas!

Era para verem o quão aquilo estava limpinho, não faz mal está tudo bem, há coisas piores.

Lá vamos nós para Eindhoven!

(Placar na mão, sorriso na cara e muita palhaçada)

Desde um rapaz da Republicana Dominicano até a um Sr. Policia muito simpático que prometeu não me algemar.

Lá chegámos.

”Acampámos” nos Macdonalds a roubar wifi e electricidade até às 5h da tarde.

Até que aparece  o nosso novo host, Willem 23 anos (parecia ter 30 anos) barba grande e barriguinha.

Entrámos no carro (Se posso chamar de carro estava tudo sujo e rangia por todos os lados)

O melhor está para vir….

Entrámos na sua casa que era, portanto, um edifício abandonado da Philips.

Fiquei pasmada! Mais outra situação de filme.

A entrada eram portas giratórias, uma recepção do lado direito, mas estava tudo vazio e escuro apenas haviam bicicletas e 1 skate.

Subimos para o 1º andar e ele morava num antigo escritório!

Paga 210 euros de renda com tudo incluído, tem um quarto espaçoso e desarrumado cheio de colchões para os couchsurfers, uma cozinha nojenta e uma sala com garrafas de cerveja por todo o lado! Dizia ele que até estava arrumado.

É designer e eu só pensava que grande artista que este me saiu.

Havia desenhos espalhados por todo o lado e no meio de tanta confusão fiquei apaixonada pelo lugar e imaginei-o à minha maneira.

Uma pequena visita guiada pelo edifício:

1 zona de cinema

1 discoteca com bar, luzes e máquina de fumo

1 sala de jogos com matrecos e bilhar

1 casa de banho

1 duche

E todo um edifício livre para correr, pintar e inventar.

Era incrível ainda lá estavam 2 elevadores parados. Só pensava como aquilo um dia foi um local de trabalho e hoje é um abrigo para 15 pessoas.

Nos entretantos Willem foi buscar 2 rapazes à estação e quando entram pela porta vejo uma bandeira Portuguesa! Só digo ‘’ Não acredito!!!’’  com o maior sorriso! 2 beijinhos, apresentações feitas, conversa puxa conversa já temos amigos em comum! Como a Mafalda diz ‘’O mundo é um bidé’’

Encontrar viajantes portugueses com o mesmo modo de viajar é incrível!

No dia seguinte acordámos e partilhámos a comida como irmãos e fomos descobrir a cidade juntos.

O gangue dos tugas, ia eu com uma bicicleta chopper a mandar estilo, sorrir e acenar para os carros que passavam.

Em Holanda, sê Holandês mas com estilo.

Risada atrás de risada e muitas histórias de viagens! Passei um dia mega divertido com o Renato e com o Leandro.

Com certeza foi um até já ‘’meus putos’’.

Agora já vos escrevo de Veneza. Avião a 13 euros é para aproveitar, e por aqui vou ficar a dormitar. Saco de cama aberto, chão já meio aquecido, almofadinha enchida e estou pronta. Os hotéis em Veneza são todos muito caros!

O bilhete de avião pelos vistos vinha com estadia incluída.

Arriverdeci.

12/11/2016

Marta Durán

Deve ter muito dinheiro!

Não vos julgo, eu própria achava que quem viaja é porque só podia ter muito dinheiro.

E na verdade há quem viaje com muito dinheiro para gastar, mas eu não sou assim, além de não poder não tem tanta piada.

Cá eu não sou rica, aliás sou, mas não nas minhas economias. Desde sempre aprendi a poupar, aniversários, Natal, Páscoa, dia da criança, na verdade tudo era desculpa para receber prendas, e eu aproveitava sendo a única coisa que queria receber era: Dinheiro e chocolates. Nunca ninguém sabia o que me oferecer, então o mais fácil era sempre dinheiro.

Poupava sempre com algo em vista, nunca gostei de pedir  à minha mãe, tentei sempre arranjar maneira de ter algum dinheiro, fiz figurações (sim ia bater palmas para os programas da manhã) e ainda trabalhei num café .

Isto para dizer que sempre fui muito poupadinha.

Os meus amigos já me conhecem, não gosto de gastar dinheiro porque estou sempre a pensar na próxima viagem, e cada almoço fora é no mínimo menos 1 dia de viagem. O primeiro passo é esse mesmo, fazer escolhas no nosso dia-a-dia, levar almoço de casa, não ir jantar tantas vezes fora, deixar alguns vícios de lado.

Durante o último ano estive a trabalhar nos tuk tuk em Lisboa, enquanto estudava ganhava uns trocos, guardei cada cêntimo no meu porquinho migalheiro (como diria a minha avó Maria), e conseguir criar um bom fundo de maneio para uma possível viagem…

Neste momento em viagem há 3 semanas e 2 dias e ainda não paguei nenhuma estadia, agradecendo desta maneira aos amigos espalhados pela Europa e aos hostsurfers, o transporte como já sabem é sempre em boleias, Alimentação? Bem por vezes fecho a boca e não se come, outras vezes as pessoas genuinamente oferecem comida e outro facto que tem ajudado na carteira é a opção de comer vegetariano. Uma mudança que optei por fazer nesta viagem, pelo menos ir tentando. E da qual estou muito orgulhosa pelo progresso que fiz.

É preciso pouco para viajar em “low budjet”, tenho um orçamento diário de 5 euros, na verdade é raro gastar 5 euros por dia. Gasto mais em Lisboa do que em viagem.

Incrivelmente onde tenho gasto mais dinheiro é em cappuccinos, não peço café porque é o mesmo preço e pelo menos o cappuccino tem mais quantidade! É uma bebida quente que dá acesso ao wifi e me protege do frio exterior.

Com este post pretendo transmitir que não é preciso ser milionário para viajar, para explorar e para saborear desta maneira a vida. É preciso esforço sim, bastante, não é tão fácil como parece. As boleias são muito giras, mas quando se tem que esperar 2 horas por alguém ao frio também desmotiva, dormir poucas horas, andar ao frio a visitar a cidade de mochila às costas também é brutal mas cansa, ao fim de vários dias ando exausta, mas sabe bem este cansaço. Longe do conforto da nossa cama, dos nossos amigos e da nossa família… Nem tudo é fácil. Mas o fruto final vale a pena.

Por isso poupem e venham.

”Travel is never a matter of money but of courage” 

11/11/2016

Marta Durán

‘’Há coisas que só podes fazer por ti própria’’

“Tenho a certeza de que hoje somos senhores do nosso destino, que a tarefa que temos perante nós não está acima das nossas forças; que as dores e dificuldades não estão para lá das nossas capacidades de resistência física. Enquanto tivermos fé na nossa própria causa e uma indominável vontade de ganhar, a vitória não nos será negada.”

 Winston Churchill

Vou voltar ao momento da partida, aliás do antes da partida.

-Acabei o curso;

-Trabalhei nos tuk tuk para juntar dinheiro;

-Fui para Cabo Verde em voluntariado;

-Fiz os Caminhos de Santiago, em busca de respostas;

Sim, realmente estive bastante ocupada, até que assentei… e quando isso aconteceu vi-me sem saber o que fazer, com toda a gente nas suas rotinas de faculdade ou estágio/trabalho e eu a bater com a cabeça nas paredes (literalmente).

Os 3 anos da Faculdade foram de longe os melhores, conheci pessoas incríveis integrei num grande projeto, fiz um intercâmbio e uma viagem que são de invejar e não parei. Nem tudo foi fácil, nunca é.

Vi-me em Setembro de 2016, depois de um ano memorável, perdida, ‘’sozinha’’ e sem grande visão para o futuro.

Tomei a decisão de agarrar esta oportunidade e torna-la em algo muito bom, pelo menos tentar. Há dias mais difíceis que outros, claro, e esta viagem tem sido uma escola onde consigo ser aluna e professora, é uma constante aprendizagem, sobre o ‘’eu’’ e sobre as pessoas que se cruzam no meu caminho.

Já alguém me escrevia:

 ‘’Há coisas que só podes fazer por ti própria’’

E se há, e nunca nos podemos esquecer que ‘’quando se fecha uma porta, abre-se outra’’, o caminho é incerto e demorado, mas faz parte. Se fosse fácil não tinha piada não é?

E sabem? só quem procura encontrará; 

(Vamos lá ver o que encontro)

2 semanas e pouco. Para ser mais precisa 20 dias. 50 euros gastos. 2,50€ em média por dia, com 1 voo marcado.

Lausanne, Konstanz, Munique, Salzburgo, Pfrozheim, Frankfurt, Maastricht e agora Zwolle.

Viagem feitas de encontros e reencontros. ‘’Encontros marcados’’ como diria Gonçalo Cadilhe.

As conversas começam sempre da mesma maneira, um Olá com um sorriso curioso, perguntas como: O que andas por aqui a fazer sozinha? O que estudaste? Não tens medo? E depois da viagem?

E acabam com um abraço ou um forte aperto de mão dizendo: ‘’good luck!’’

Durante esta viagem tenho aprendido o quão incrível é confiar nas pessoas, elas surpreendem-nos de uma forma que eu desconhecia… Alteram os seus planos, as suas rotas e disponibilizam o seu tempo para mim e indiretamente para elas, porque desabafam e conhecem outra história de vida, a minha.

Hoje à espera de uma boleiazinha numa estação decidiram oferecer 2 iogurtes, o que me ri… só pensei será que pareço assim tão sem-abrigo? Mas afinal de tudo foi só bondade para com duas jovens viajantes. Depois desta oferta, numa boleia onde as conversas foram sobre economia, ordenados e café, e onde eu Marta que adora café e é provavelmente onde gasto mais dinheiro nesta viagem, disse que aqui era impossível pagar 2,50€ cada vez que queria satisfazer este desejo, o amigo no final da boleia deu-me em dinheiro o valor de 2 cafés Holandeses (para mim e para a Mafalda)… não é isto incrível?  E lá os gastei num delicioso cappuccino.

Obrigada, aos desconhecidos que se tornaram conhecidos.

Obrigada, a todos os que me acolheram.

Obrigada, às boleias.

Obrigada, aos amigos e família.

07/11/2016

Marta Durán

Salzburg & Couchsurfing

Plano bomba, portanto tenho que estar em Pfozheim só na Segunda-Feira, e é Quarta-Feira. Ficar em Munique tanto tempo não é para mim, pensei. Vou só ali a Salzburg e depois volto tudo para atrás, afinal de tudo não pago o transporte.

E assim foi, em Salzburg não tinha ninguém então optei por usar a ferramenta Couchsurfing , felizmente tive uma resposta positiva num instante!

Casa: check 

Pus malas às costas na Quinta-Feira de manhã e lá fui eu.

A sorte está sempre à minha porta, as boleias têm sido fáceis de apanhar com pessoas muito simpáticas que me deixam no destino mesmo tendo que fazer um pequeno desvio.

Cheguei a Freilassing, cidade que faz fronteira com Salzburg que é a minha casa nos próximos 3 dias. Hans o meu hostsurfer foi-me buscar ao Macdonalds de carro mesmo morando apenas a 500 metros!

O Hans, neste post vou falar muito dele, foi o que ”fez valer a pena” a ida a este cantinho da Austria.  Com os seus 63 anos, com mais de 200 pessoas recebidas em sua casa e mais de 40 países visitados é um amor de pessoa, dá tudo o que tem aos seus ”guests”.

Na primeira noite vimos um filme, nada percebia porque aqui na Alemanha é tudo dobrado, mas a companhia era o mais importante.

Deu-me a chave e fez-me sentir em casa, e estava sempre a dizer ”If you don’t ask you don’t get” (Se não pedires não terás).

Acordei, tinha pão fresco à minha espera na cozinha, com fruta e 2 barras de cereais… incrível. Tomei o pequeno-almoço e saí para ir desvendar a cidade.

Uma pequena cidade conhecida pelo nascimento de Mozart e que na verdade parece feita de legos como já dizia uma amiga minha.

Subi, Subi e Subi até chegar ao topo da colina quando sou maravilhada por estas montanhas que me cortaram o ar, deitei-me na relva fechei os olhos e aproveitei aquele sol de inverno.

Sábado

O Hans levou-me a passear disse-lhe que queria ir ver natureza que já estava farta de cidade, ele sem hesitar disse que me levava a uma mina de sal e depois íamos a um lago, Konigsee. Não há palavras para descrever esta bondade, depois de um mega-pequeno almoço lá fomos!

Esta imagem vale por mil palavras!

Danke Hans!

29/10/2016

Marta Durán