Munique

Ter amigos espalhados pela Europa e pelo mundo tem as suas vantagens, desta vez foi a Vera que teve a sorte de me aturar, aliás eu é tive a grande sorte de ter a Vera para me receber. ‘‘ Claro que podes vir fica o tempo que quiseres” quem nos recebe assim palavras para quê?

Bem, não sou muito boa a falar sobre a história de cidades e acho que isso realmente só interessa para quem lá passa, prefiro perder-me nas ruas e absorver o que esta tem para me dar. E Munique surpreendeu-me com os espaços verdes, passei mais tempo sentada nos jardins do que a olhar para os monumentos rodeados de turistas e asiáticos a tirar selfies.

É uma cidade bonita de facto é, e grande, eu que o diga que a percorri toda a pé.

Daqui levo as cores do outono, o surf no lago, os espaços verdes, o bretzel, e Dachau

Campo de concentração de Dachau

Pois é tive a oportunidade de ir visitar este campo de concentração que foi o modelo para os outros campos construídos. 31 951 é o número de pessoas que ali perderam a vida, pelo menos o número registado.

Acho que não há palavras para descrever o que é estar num sitio destes.

É absorver o silêncio e imaginar… se for preciso chorar, que se chore.

Obrigada Vera pela estadia, simpatia e companhia. Até breve.

27/10/2016

Marta Durán

Konstanz, uma espécie de abrigo

Antes de falar de Konstanz vou-vos falar da Rita. A Rita é uma amiga que conheci no GASTagus (grupo de voluntariado), e como hei de começar a descrever esta rapariga? Uma pequena grande Mulher, aventureira, perseguidora de sonhos, apaixonada, sorridente sim aquele sorriso impossível de esquecer, e uma paz interior que me contagia. Bem, esta é parte da Rita, mas não há palavras que a descrevam só tendo a sorte de a conhecer.

Ela não sabe, mas, antes de decidir fazer esta viagem, a Rita foi das primeiras pessoas a quem recorri, sabia que me ia aconselhar e acalmar ‘’Miúda relaxa, vai correr tudo bem’’ disse. Após trocar umas palavras, decidi marcar a viagem, procurei de Lisboa para ‘’Qualquer destino’’ e calhou ser Genebra o destino mais barato para a semana a seguir, 39 euros foi o preço do bilhete.

Talvez seja o destino ou simplesmente coincidências da vida, era onde a Rita estava a viver de momento.

Bem, voltando a Konstanz, uma cidade na fronteira com a Suíça, aqui estava a Rita de passagem a visitar um amigo, convidou-me para passar uns dias com ela e com o pessoal, e assim foi.

Cheguei, recebida pelo sorriso e um abraço acolhedor da Rita, fomos para ‘’casa’’. Estava mega cansada e a ficar doente, felizmente hoje era dia de ‘’cuddling’’, han? Sim também fiquei assim, fomos ver um filme com o Mauro e a … quentinhos, e juntinhos e isto se chama ‘’cuddling’’, estão a imaginar? Uma cama, quente, almofada, manta e uma bruta de uma constipação… obviamente que adormeci e soube pela vida.

Foram 3 dias em paz, em desabafo e rodeada de pessoas com boas energias.

No segundo dia fomos para as montanhas, eles foram escalar e fazer highllining… e ainda dizem que eu sou maluca!

Ficámos lá o dia todo, estava um sol de inverno acolhedor, dormi, relaxei, escrevi e li, aliás acabei de ler ‘’Encontros Marcados’’ de Gonçalo Cadilhe oferecido pela minha grande amiga Capella, e de facto os encontros que estavam à minha espera tem sido surpreendentes e espero que continuem a ser. Há dias que nos preenchem e que nos deixam mais calmos e este foi um deles.

Assim terminava esta minha passagem por este cantinho do mundo, Constança (em Português).

Obrigada à Rita pelos desabafos, pelas lágrimas, pelos risos e maluqueiras espero encontrar-te por aí, algures…

O que torna os sítios especiais são as pessoas.

Já de saída, mala às costas, despedidas feitas… fomos em direção ao supermercado comprar comida para a viagem, pão, fruta e água.

UPS!! RITAAAA, ESQUECI-ME DE 4 CUECAS NO ESTENDAL!! – disse eu mega preocupada

Temos que voltar? Tens muitas cuecas ainda? – Responde Rita calmamente

Epah…. devo ter outras 4 … mas não chega tenho mesmo que voltar… mil desculpas– respondi eu mega preocupada

Tranquilo, Marta, não faz mal as cuecas são importantes! – Diz Rita calmamente

Voltámos num pronto e metemo-nos à estrada com as cuecas já na mala.

Apanhámos o ‘’free’’ bus, incrível como tudo é grátis, até ao ferry. Já no ferry, com um cartaz a dizer Munich, percorríamos carro a carro a sorrir e a mostrar o nosso destino, já tínhamos passado todos os carros e a esperança era escassa. Até que numa carrinha com 2 homens lá dentro, vemos um fixe! E que alegria eles iam diretamente para Munich eram quase 3h de viagem.

A Rita ia para Kempten que ficava antes de Munich mas veio connosco atrás na carrinha!

Eram motars, o Woolf e o Mike, cobertos de tatuagens ‘’sangre por sangre’’ dizia na mão de Mike. Já tinham visitado Portugal nas suas viagens à volta da Europa com as suas Harleys Davinson, obviamente que gostarem do vinho do Porto, e Sagres (a cerveja).

Foram 3h de conversa sobre tudo, viagens, motas, cerveja e até sobre droga!

Deixámos a Rita pelo caminho, um abraço apertado e um até já.

Chegámos, um abraço forte e vemo-nos por aí algures na estrada.

HELLO MUNICH! A Marta chegou!!

24/10/2016

Marta Durán

Boleias de Sorte

Eram por volta das 9h30 quando saí de casa com a Maria, após uma longa conversa deixou-me na estação de serviço, em direção a Bern. O meu destino final era: Konstanz a 300 km de Lausanne.

Estava sozinha pela primeira vez a pedir boleia, já o tinha feito algumas vezes mas sempre acompanhada e distâncias mais curtas.

Curiosamente não estava com receio, não havia aquela adrenalina a correr-me pelo sangue. Bern era o que estava escrito no cartaz. Nem dez minutos esperei, um Jaguar pára à minha frente e faz sinais de luzes, pulei de alegria.

Era Gui, na casa dos 60, ia para Basel mas passava por Bern. Falámos pouco, o meu francês não é perfeito e dificilmente dou grandes respostas. Ele era arquitecto e fazia aquele caminho todos os dias (pelo menos foi o que eu entendi). Foi uma hora e pouco de caminho com conversas em francês básico. Às vezes pergunto-me porque é que não tomei mais atenção às aulas…

Deixou-me noutra estação de serviço, desta vez em direção a Zurich. O próprio escreveu o destino no cartaz e surpreendeu-me com uma nota de 10 francos (aproximadamente 10 euros) para eu tomar um cappucino…. Não há palavras! Dá-me boleia e ainda me dá dinheiro? OH GUI!!! MERCI BEAUCOUP !!!

Ok Marta! 1ª etapa já está e até foi fácil, pensava eu.

Menos de 10 minutos e pára outro carro, desta vez um Audi desportivo branco todo Xpto.

Hey! Going to Zurich? – disse eu com um sorriso

Yes, come! – Responde Stephen

Mochila para a bagageira e mais uma boleia. Vruummmm, faz o carro… e eu que nunca tinha andado num carro tão potente!

A conversa fluía num bom inglês, o Stephen nasceu na Alemanha mas trabalha em Zurich. Diz ter sido uma coincidência pois nunca passa por ali. (Mas a vida é feita de coincidências pensava eu). Tinha ido a Bern tratar do visto para ir para a Macedónia onde possui uma mina de Zinco! (UAUUU, pensei eu). As conversas rondaram as minas, viagens, e da história da vida dele, como evolui e com 33 anos tem uma empresa e viaja pelo mundo a fechar negócios e na procura de novas oportunidades.

Já tinha estado em Portugal, propriamente na mina de Aljustrel, para um possível investimento mas pelos visto não era rentável.

Disse-lhe que era recém-licenciada em comunicação social e que durante a viagem além de conhecer vinha à procura de oportunidades, de imeadiato disse que tinha um amigo que ao qual poderia ligar e enviar o meu cv, bem dito bem feito, naquele momento ligou ao amigo. Resumindo a chamada: Vou-te enviar o currículo de uma amiga para um estágio, não fala alemão mas fala inglês.

(Vamos ver no que isto dá pensei eu)

Conversa puxa conversa e a viagem passou a voar. Quase a chegar convida-me para almoçar, diz nunca ter tempo e já que tinha companhia (boa obviamente). Aceitei, acho que aprendi a aceitar o que é dado de bom grado, deixemos-nos de cortesias.

Fomos a um restaurante Vietnamita, quem me conhece sabe que sou esquisita, mas também ando a aprender a por a esquisitice de parte. Spring Rols enrolados em alface, comi tudo e estavam bem bons! Já estava cheia mas faltava o prato principal, Noodles Fritos com frango, e que saudades da comida Asiática! Não consegui comer tudo pedi Take-Away era da maneira que tinha jantar. 2 em 1.

Deixou-me num sítio péssimo para pedir boleia, os carros não tinham espaço para parar, estava imenso frio e a chover, felizmente estava debaixo de um viaduto.

No meio deste ambiente perdi a esperança, mas também pouco esperei talvez 30 minutos, quando um maluco pára o carro (Fiat Punto), os outros carros apitavam eu nem percebi para onde ia, simplesmente entrei! O inglês dele era básico, era carpinteiro, estava com umas calças pintadas e tinha mãos de trabalhador. Guiou-me durante 20 minutos, deixou-me numa rotunda em direção a Winterthur (cidade perto de Konstanz). Aqui fiquei 10 minutos até aparecer um senhor num BMW, trabalhava como distribuidor… mais 20 minutos de viagem e deixou-me na saída para o destino final.

Saí e em menos de 1  minuto para um bruto de um Mercedes! Mala para o porta bagagem e rumo a Konstanz!!! Era um rapaz gordinho de óculos, 31 anos, enfermeiro e estava a ouvir 2 pac. O inglês era fraquinho mas deu para manter uma conversa e ele era extremamente simpático, estava de folga!

Deixou-me no centro de Konstanz.

Cheguei, sã e salva, feliz e constipada.

22/10/2016

Marta Durán

Para vocês, família Aguiar

Em Lausanne fiquei em casa desta família, A Maria, o Serafim e adivinhem a Marta!

O Serafim é amigo de infância da Manuela ( a mãe do Gui, um amigo meu) parece confuso? Sim realmente é, mas é incrível como estes ”perfeitos estranhos” me acolheram, como família.

Estive dois dias neste confortável lar, tive a sorte de a Maria ser uma excelente cozinheira e me presentear com excelentes pratos, frango com natas e um prato que ainda hoje não sei dizer o nome, ah! e a bela da sobremesa de suspiro com uma espécie de queijo!

Durante o dia fui explorar a cidade, apanhei o autocarro ”grátis”, na verdade todos os transportes para mim são grátis,  sempre com um olho no burro e outro no cigano para não apanhar o pica!

Lausanne foi uma boa surpresa, gostei principalmente do lago e da natureza montanhosa envolta. Passei bastante tempo sentada a observar a ler e a escrever.

Foram dois dias muito bem passados em excelente companhia, aqui ganhei amigos para a vida, preocupados, atenciosos e sensatos!

Obrigada família Aguiar, não há palavras! Foi a melhor maneira de começar esta viagem.

21/10/2016

Marta Durán

Adeus Portugal, Olá Suíça!

Já parti há uma semana e dois dias mas sinceramente ainda não tinha tido a coragem de escrever.  Quer dizer desabafei com o meu diário vezes sem conta, mas partilhar com o ”mundo” isto que estou a viver é difícil, e estava a viver um egoísmo saudável de não querer partilhar estas vivências, agora que assentei aqui vai o relato do inicio da minha aventura.

Bem se é para começar uma aventura que seja ”à séria”

Despedidas no aeroporto, algo a que já estou habituada, mas, por mais que nos últimos tempos as despedidas tenham sido recorrentes desta vez foi diferente, não sei quando volto, como volto e se volto?!

Virei as costas, as escadas rolantes levaram-me, pela primeira vez estava sozinha.

1,2,3 RESPIRA E NÃO PIRA (pensava eu)

Sentei-me no chão, à espera do avião que por ventura estava atrasado, a minha mala estava bem recheada e eu já tinha a ideia que não me iam deixar ir com ela como ”mala de mão” bem dito bem feito.

-”A menina não sabe as medidas da mala de mão” – diz o senhor

-” Eu? sim, sei a minha não dá? É que nunca tive problemas anteriormente”- dizia eu com ar de inocente

”Também já sabia que me ia dizer isso, a mala vai ter que ir para o porão”- responde

”Ahhh, a sério? mas tenho que pagar(era a minha única preocupação)?”- questiono com ar de mega preocupada

”Não, mas devia”-responde com ar de mau

Fiuuu lá me safei!

Fiquei no final do avião, ao lado de duas senhoras, a Maria nacionalidade Moldava e a Rosa emigrante na Suíça.

Iniciei a conversa antes do avião descolar, desde que apanhei um susto em Macau tenho que me distrair ao longo do voo não é que tenha medo, mas prefiro estar entretida. Perguntei qual seria a maneira mais barata de ir até Lausanne, quando Maria diz que vai para lá e que me poderia dar boleia porque a filha a ia buscar. ACEITO. Obviamente acabei de poupar neste momento 20€.

O voo passou num instante conversa puxa conversa e as mulheres quando começam a falar já se sabe que não se calam! Bela companhia.

Cheguei! Tínhamos a Olga (filha de Maria) e o seu noivo à nossa espera. Já no carro conversámos sobre literatura aquando a Olga me diz que está a ler o Alquimista, último livro que eu lera antes desta viagem… há coincidências incríveis!

Deixara-me na gare e seguiram o seu rumo, ainda me deram os contactos caso tivesse alguma emergência.

Um mote a reter: ”Quem tem boca vai a Roma” 

20/10/2016

Marta Durán