Dormidas loucas

Nem sei por onde começar, depois de Leiden partimos em direção a Rotterdam onde apanhámos uma boleia  de um senhor muito simpático com um riso histérico e muito característico.

Deixou-nos à porta do nosso host.

Já tinha todas as indicações deixadas por Hans (o host). Disse que provavelmente não estaria em casa quando chegássemos então escreveu:

‘’ Vou deixar as chaves numa frecha em cima da porta de entrada. Podes tirar as chaves e abrir a porta. Sobe todas as escadas e quando chegares caminhas para a direita. O segundo quarto do teu lado esquerdo é para os couchsurfers‘’

E assim foi, senti-me num filme a ir passo a passo à descoberta do tesouro.

E fiquei impressionada com o ‘’hostel’’ que o Hans ali criou.

Abri a porta do quarto e Miguel, outro Couchsurfer recebeu-nos com um sorriso!

Olho em volta e estou numa casa com 2 andares onde o 1º era só para nós, com 1 casa-de-banho, 1 duche, 1 cozinha e 1 quarto com uma cama de casal e 4 colchões espalhados pelo chão. Bem o que vos parece? Para mim serve.

Desarrumação total e a limpeza não estava nos trincos mas é perfeito.

Passei 2 noites, conheci o Kofi do Gana que estava lá a estudar e que ainda me proporcionou uma grande conversa. Lá o espero em Portugal com casa garantida claro! (Se por lá andar)

Esta estadia acabou comigo a acordar picada por ‘’bed bugs’’, ou seja, percebejos mas não soa tão bem. Pois a vida tem destas coisas!

Era para verem o quão aquilo estava limpinho, não faz mal está tudo bem, há coisas piores.

Lá vamos nós para Eindhoven!

(Placar na mão, sorriso na cara e muita palhaçada)

Desde um rapaz da Republicana Dominicano até a um Sr. Policia muito simpático que prometeu não me algemar.

Lá chegámos.

”Acampámos” nos Macdonalds a roubar wifi e electricidade até às 5h da tarde.

Até que aparece  o nosso novo host, Willem 23 anos (parecia ter 30 anos) barba grande e barriguinha.

Entrámos no carro (Se posso chamar de carro estava tudo sujo e rangia por todos os lados)

O melhor está para vir….

Entrámos na sua casa que era, portanto, um edifício abandonado da Philips.

Fiquei pasmada! Mais outra situação de filme.

A entrada eram portas giratórias, uma recepção do lado direito, mas estava tudo vazio e escuro apenas haviam bicicletas e 1 skate.

Subimos para o 1º andar e ele morava num antigo escritório!

Paga 210 euros de renda com tudo incluído, tem um quarto espaçoso e desarrumado cheio de colchões para os couchsurfers, uma cozinha nojenta e uma sala com garrafas de cerveja por todo o lado! Dizia ele que até estava arrumado.

É designer e eu só pensava que grande artista que este me saiu.

Havia desenhos espalhados por todo o lado e no meio de tanta confusão fiquei apaixonada pelo lugar e imaginei-o à minha maneira.

Uma pequena visita guiada pelo edifício:

1 zona de cinema

1 discoteca com bar, luzes e máquina de fumo

1 sala de jogos com matrecos e bilhar

1 casa de banho

1 duche

E todo um edifício livre para correr, pintar e inventar.

Era incrível ainda lá estavam 2 elevadores parados. Só pensava como aquilo um dia foi um local de trabalho e hoje é um abrigo para 15 pessoas.

Nos entretantos Willem foi buscar 2 rapazes à estação e quando entram pela porta vejo uma bandeira Portuguesa! Só digo ‘’ Não acredito!!!’’  com o maior sorriso! 2 beijinhos, apresentações feitas, conversa puxa conversa já temos amigos em comum! Como a Mafalda diz ‘’O mundo é um bidé’’

Encontrar viajantes portugueses com o mesmo modo de viajar é incrível!

No dia seguinte acordámos e partilhámos a comida como irmãos e fomos descobrir a cidade juntos.

O gangue dos tugas, ia eu com uma bicicleta chopper a mandar estilo, sorrir e acenar para os carros que passavam.

Em Holanda, sê Holandês mas com estilo.

Risada atrás de risada e muitas histórias de viagens! Passei um dia mega divertido com o Renato e com o Leandro.

Com certeza foi um até já ‘’meus putos’’.

Agora já vos escrevo de Veneza. Avião a 13 euros é para aproveitar, e por aqui vou ficar a dormitar. Saco de cama aberto, chão já meio aquecido, almofadinha enchida e estou pronta. Os hotéis em Veneza são todos muito caros!

O bilhete de avião pelos vistos vinha com estadia incluída.

Arriverdeci.

12/11/2016

Marta Durán

Konstanz, uma espécie de abrigo

Antes de falar de Konstanz vou-vos falar da Rita. A Rita é uma amiga que conheci no GASTagus (grupo de voluntariado), e como hei de começar a descrever esta rapariga? Uma pequena grande Mulher, aventureira, perseguidora de sonhos, apaixonada, sorridente sim aquele sorriso impossível de esquecer, e uma paz interior que me contagia. Bem, esta é parte da Rita, mas não há palavras que a descrevam só tendo a sorte de a conhecer.

Ela não sabe, mas, antes de decidir fazer esta viagem, a Rita foi das primeiras pessoas a quem recorri, sabia que me ia aconselhar e acalmar ‘’Miúda relaxa, vai correr tudo bem’’ disse. Após trocar umas palavras, decidi marcar a viagem, procurei de Lisboa para ‘’Qualquer destino’’ e calhou ser Genebra o destino mais barato para a semana a seguir, 39 euros foi o preço do bilhete.

Talvez seja o destino ou simplesmente coincidências da vida, era onde a Rita estava a viver de momento.

Bem, voltando a Konstanz, uma cidade na fronteira com a Suíça, aqui estava a Rita de passagem a visitar um amigo, convidou-me para passar uns dias com ela e com o pessoal, e assim foi.

Cheguei, recebida pelo sorriso e um abraço acolhedor da Rita, fomos para ‘’casa’’. Estava mega cansada e a ficar doente, felizmente hoje era dia de ‘’cuddling’’, han? Sim também fiquei assim, fomos ver um filme com o Mauro e a … quentinhos, e juntinhos e isto se chama ‘’cuddling’’, estão a imaginar? Uma cama, quente, almofada, manta e uma bruta de uma constipação… obviamente que adormeci e soube pela vida.

Foram 3 dias em paz, em desabafo e rodeada de pessoas com boas energias.

No segundo dia fomos para as montanhas, eles foram escalar e fazer highllining… e ainda dizem que eu sou maluca!

Ficámos lá o dia todo, estava um sol de inverno acolhedor, dormi, relaxei, escrevi e li, aliás acabei de ler ‘’Encontros Marcados’’ de Gonçalo Cadilhe oferecido pela minha grande amiga Capella, e de facto os encontros que estavam à minha espera tem sido surpreendentes e espero que continuem a ser. Há dias que nos preenchem e que nos deixam mais calmos e este foi um deles.

Assim terminava esta minha passagem por este cantinho do mundo, Constança (em Português).

Obrigada à Rita pelos desabafos, pelas lágrimas, pelos risos e maluqueiras espero encontrar-te por aí, algures…

O que torna os sítios especiais são as pessoas.

Já de saída, mala às costas, despedidas feitas… fomos em direção ao supermercado comprar comida para a viagem, pão, fruta e água.

UPS!! RITAAAA, ESQUECI-ME DE 4 CUECAS NO ESTENDAL!! – disse eu mega preocupada

Temos que voltar? Tens muitas cuecas ainda? – Responde Rita calmamente

Epah…. devo ter outras 4 … mas não chega tenho mesmo que voltar… mil desculpas– respondi eu mega preocupada

Tranquilo, Marta, não faz mal as cuecas são importantes! – Diz Rita calmamente

Voltámos num pronto e metemo-nos à estrada com as cuecas já na mala.

Apanhámos o ‘’free’’ bus, incrível como tudo é grátis, até ao ferry. Já no ferry, com um cartaz a dizer Munich, percorríamos carro a carro a sorrir e a mostrar o nosso destino, já tínhamos passado todos os carros e a esperança era escassa. Até que numa carrinha com 2 homens lá dentro, vemos um fixe! E que alegria eles iam diretamente para Munich eram quase 3h de viagem.

A Rita ia para Kempten que ficava antes de Munich mas veio connosco atrás na carrinha!

Eram motars, o Woolf e o Mike, cobertos de tatuagens ‘’sangre por sangre’’ dizia na mão de Mike. Já tinham visitado Portugal nas suas viagens à volta da Europa com as suas Harleys Davinson, obviamente que gostarem do vinho do Porto, e Sagres (a cerveja).

Foram 3h de conversa sobre tudo, viagens, motas, cerveja e até sobre droga!

Deixámos a Rita pelo caminho, um abraço apertado e um até já.

Chegámos, um abraço forte e vemo-nos por aí algures na estrada.

HELLO MUNICH! A Marta chegou!!

24/10/2016

Marta Durán

Adeus Portugal, Olá Suíça!

Já parti há uma semana e dois dias mas sinceramente ainda não tinha tido a coragem de escrever.  Quer dizer desabafei com o meu diário vezes sem conta, mas partilhar com o ”mundo” isto que estou a viver é difícil, e estava a viver um egoísmo saudável de não querer partilhar estas vivências, agora que assentei aqui vai o relato do inicio da minha aventura.

Bem se é para começar uma aventura que seja ”à séria”

Despedidas no aeroporto, algo a que já estou habituada, mas, por mais que nos últimos tempos as despedidas tenham sido recorrentes desta vez foi diferente, não sei quando volto, como volto e se volto?!

Virei as costas, as escadas rolantes levaram-me, pela primeira vez estava sozinha.

1,2,3 RESPIRA E NÃO PIRA (pensava eu)

Sentei-me no chão, à espera do avião que por ventura estava atrasado, a minha mala estava bem recheada e eu já tinha a ideia que não me iam deixar ir com ela como ”mala de mão” bem dito bem feito.

-”A menina não sabe as medidas da mala de mão” – diz o senhor

-” Eu? sim, sei a minha não dá? É que nunca tive problemas anteriormente”- dizia eu com ar de inocente

”Também já sabia que me ia dizer isso, a mala vai ter que ir para o porão”- responde

”Ahhh, a sério? mas tenho que pagar(era a minha única preocupação)?”- questiono com ar de mega preocupada

”Não, mas devia”-responde com ar de mau

Fiuuu lá me safei!

Fiquei no final do avião, ao lado de duas senhoras, a Maria nacionalidade Moldava e a Rosa emigrante na Suíça.

Iniciei a conversa antes do avião descolar, desde que apanhei um susto em Macau tenho que me distrair ao longo do voo não é que tenha medo, mas prefiro estar entretida. Perguntei qual seria a maneira mais barata de ir até Lausanne, quando Maria diz que vai para lá e que me poderia dar boleia porque a filha a ia buscar. ACEITO. Obviamente acabei de poupar neste momento 20€.

O voo passou num instante conversa puxa conversa e as mulheres quando começam a falar já se sabe que não se calam! Bela companhia.

Cheguei! Tínhamos a Olga (filha de Maria) e o seu noivo à nossa espera. Já no carro conversámos sobre literatura aquando a Olga me diz que está a ler o Alquimista, último livro que eu lera antes desta viagem… há coincidências incríveis!

Deixara-me na gare e seguiram o seu rumo, ainda me deram os contactos caso tivesse alguma emergência.

Um mote a reter: ”Quem tem boca vai a Roma” 

20/10/2016

Marta Durán