Checo-brasileiro

Depois de uma paragem rápida em Brno na casa de Pavel o nosso host surfer, que nos presenteou com um belo jantar, uma visita guiada à cidade, um mini concerto de piano e uma bela lareira.

Fizemo-nos à estrada, rumo à estação de serviço em direção a Praga. Não chegava a uma hora de espera quando um senhor com um belo de um Mercedes aceita supostamente levar-nos a outra estação de serviço já na auto-estrada, aceitámos prontamente.

Até que…

Pára na berma da auto-estrada e aponta para o outro lado onde estava a estação de serviço. Queria que atravessássemos para o outro lado a pé! Com carros a mais de 120km hora! TÁ LOUCO!!

Só pensei, é obvio que não vou passar isto a pé é morte certa. Lá nos deixou noutro sitio péssimo para apanhar boleia.

O ca**** estragou-nos o dia – Pensei

Lá ficámos naquele sitio que mal dava para os carros pararem. Não iríamos sair dali tão facilmente.

Plano bomba: Andar 40 minutos até essa mesma estação mas pelos caminhos de cabra. E assim foi. Mala às costas e um bom ritmo. Até parecia que estava a fazer os caminhos de Santiago de novo.

Chegámos à estação depois de uma boa caminhada… isto é de loucos.

Sentei-me, a Mafalda foi comer (GORDAAAA).

Estava à porta da bomba com o cartaz a dizer Praha, dali já não saia nem que dormisse ali.

Até que…. Patrick faz sinal afirmativo ao meu cartaz!  Que alegria!

Diretas para Praha… até que,  Patrick diz ”Podemos falar português a minha ex-mulher é brasileira e eu aprendji um pouco” Com aquele sotaque tão estranho e engraçado.

Só me posso rir, mas que coincidências… É sempre bom ouvir português quando estamos fora.

A Mafalda adormeceu, ficámos a falar do seu filho, de viagens, boleias, Brasil e sobre a Republica Checa!

Já quase a chegar a Praga convidou-nos para ir passear com o filho Samuel, que ia buscar assim que chegasse. Aceitámos claro! Levou-nos a Vysehrad Castle ofereceu-nos um cappucino e Trdelnik um bolo típico destas zonas (já tínhamos provado em Budapest, é tipo fartura mas no forno, na minha opinião menos enjoativo).

Demos um belo passeio com a nossa boleia… Pouco preciso de dizer, adorei esta boleia!

Obrigada Patrick e Samuel

”Vemo-nos por aí”

22/11/2016

Marta Durán

Budha em Viena

Esta viagem por mais Europeia que seja tem sido super espiritual, desta vez tive a sorte de ser hospedada por Rainbow, uma senhora que nasceu no Tibete mas por causa da guerra teve que fugir e acabou na Suíça, anos mais tarde decidiu ir viver para Viena onde hoje é terapeuta e massagista.

Quando entrei em casa senti-me em paz, o cheiro a incenso a imagem de Mahatma Ghandi e outros monges. Recebida com um abraço forte e 2 beijinhos, quando esta mulher falava transmitia uma paz enorme… contou-me histórias incríveis.

Além de mim e da Mafalda estavam mais couchsurfers, um Indiano, um Americano e o Alex um Romeno. Tal vai a misturada!

O Alex veio explorar connosco a cidade, tudo a pé! Queria ele que comprasse um passe diário de 7 euros.

‘’Oh amigo a sola do meu sapato ainda não está gasta, consegue andar a cidade toda.’’

E assim foi percorremos a cidade toda a penantes e não tenho uma opinião muito concreta sobre Viena, tem edifícios lindíssimos e com uma arquitectura diferente e antiga. Apanhámos muitos mercados natalícios o que enriquecia mais a cidade!

20/11/2016

Marta Durán

Dormidas loucas

Nem sei por onde começar, depois de Leiden partimos em direção a Rotterdam onde apanhámos uma boleia  de um senhor muito simpático com um riso histérico e muito característico.

Deixou-nos à porta do nosso host.

Já tinha todas as indicações deixadas por Hans (o host). Disse que provavelmente não estaria em casa quando chegássemos então escreveu:

‘’ Vou deixar as chaves numa frecha em cima da porta de entrada. Podes tirar as chaves e abrir a porta. Sobe todas as escadas e quando chegares caminhas para a direita. O segundo quarto do teu lado esquerdo é para os couchsurfers‘’

E assim foi, senti-me num filme a ir passo a passo à descoberta do tesouro.

E fiquei impressionada com o ‘’hostel’’ que o Hans ali criou.

Abri a porta do quarto e Miguel, outro Couchsurfer recebeu-nos com um sorriso!

Olho em volta e estou numa casa com 2 andares onde o 1º era só para nós, com 1 casa-de-banho, 1 duche, 1 cozinha e 1 quarto com uma cama de casal e 4 colchões espalhados pelo chão. Bem o que vos parece? Para mim serve.

Desarrumação total e a limpeza não estava nos trincos mas é perfeito.

Passei 2 noites, conheci o Kofi do Gana que estava lá a estudar e que ainda me proporcionou uma grande conversa. Lá o espero em Portugal com casa garantida claro! (Se por lá andar)

Esta estadia acabou comigo a acordar picada por ‘’bed bugs’’, ou seja, percebejos mas não soa tão bem. Pois a vida tem destas coisas!

Era para verem o quão aquilo estava limpinho, não faz mal está tudo bem, há coisas piores.

Lá vamos nós para Eindhoven!

(Placar na mão, sorriso na cara e muita palhaçada)

Desde um rapaz da Republicana Dominicano até a um Sr. Policia muito simpático que prometeu não me algemar.

Lá chegámos.

”Acampámos” nos Macdonalds a roubar wifi e electricidade até às 5h da tarde.

Até que aparece  o nosso novo host, Willem 23 anos (parecia ter 30 anos) barba grande e barriguinha.

Entrámos no carro (Se posso chamar de carro estava tudo sujo e rangia por todos os lados)

O melhor está para vir….

Entrámos na sua casa que era, portanto, um edifício abandonado da Philips.

Fiquei pasmada! Mais outra situação de filme.

A entrada eram portas giratórias, uma recepção do lado direito, mas estava tudo vazio e escuro apenas haviam bicicletas e 1 skate.

Subimos para o 1º andar e ele morava num antigo escritório!

Paga 210 euros de renda com tudo incluído, tem um quarto espaçoso e desarrumado cheio de colchões para os couchsurfers, uma cozinha nojenta e uma sala com garrafas de cerveja por todo o lado! Dizia ele que até estava arrumado.

É designer e eu só pensava que grande artista que este me saiu.

Havia desenhos espalhados por todo o lado e no meio de tanta confusão fiquei apaixonada pelo lugar e imaginei-o à minha maneira.

Uma pequena visita guiada pelo edifício:

1 zona de cinema

1 discoteca com bar, luzes e máquina de fumo

1 sala de jogos com matrecos e bilhar

1 casa de banho

1 duche

E todo um edifício livre para correr, pintar e inventar.

Era incrível ainda lá estavam 2 elevadores parados. Só pensava como aquilo um dia foi um local de trabalho e hoje é um abrigo para 15 pessoas.

Nos entretantos Willem foi buscar 2 rapazes à estação e quando entram pela porta vejo uma bandeira Portuguesa! Só digo ‘’ Não acredito!!!’’  com o maior sorriso! 2 beijinhos, apresentações feitas, conversa puxa conversa já temos amigos em comum! Como a Mafalda diz ‘’O mundo é um bidé’’

Encontrar viajantes portugueses com o mesmo modo de viajar é incrível!

No dia seguinte acordámos e partilhámos a comida como irmãos e fomos descobrir a cidade juntos.

O gangue dos tugas, ia eu com uma bicicleta chopper a mandar estilo, sorrir e acenar para os carros que passavam.

Em Holanda, sê Holandês mas com estilo.

Risada atrás de risada e muitas histórias de viagens! Passei um dia mega divertido com o Renato e com o Leandro.

Com certeza foi um até já ‘’meus putos’’.

Agora já vos escrevo de Veneza. Avião a 13 euros é para aproveitar, e por aqui vou ficar a dormitar. Saco de cama aberto, chão já meio aquecido, almofadinha enchida e estou pronta. Os hotéis em Veneza são todos muito caros!

O bilhete de avião pelos vistos vinha com estadia incluída.

Arriverdeci.

12/11/2016

Marta Durán

Deve ter muito dinheiro!

Não vos julgo, eu própria achava que quem viaja é porque só podia ter muito dinheiro.

E na verdade há quem viaje com muito dinheiro para gastar, mas eu não sou assim, além de não poder não tem tanta piada.

Cá eu não sou rica, aliás sou, mas não nas minhas economias. Desde sempre aprendi a poupar, aniversários, Natal, Páscoa, dia da criança, na verdade tudo era desculpa para receber prendas, e eu aproveitava sendo a única coisa que queria receber era: Dinheiro e chocolates. Nunca ninguém sabia o que me oferecer, então o mais fácil era sempre dinheiro.

Poupava sempre com algo em vista, nunca gostei de pedir  à minha mãe, tentei sempre arranjar maneira de ter algum dinheiro, fiz figurações (sim ia bater palmas para os programas da manhã) e ainda trabalhei num café .

Isto para dizer que sempre fui muito poupadinha.

Os meus amigos já me conhecem, não gosto de gastar dinheiro porque estou sempre a pensar na próxima viagem, e cada almoço fora é no mínimo menos 1 dia de viagem. O primeiro passo é esse mesmo, fazer escolhas no nosso dia-a-dia, levar almoço de casa, não ir jantar tantas vezes fora, deixar alguns vícios de lado.

Durante o último ano estive a trabalhar nos tuk tuk em Lisboa, enquanto estudava ganhava uns trocos, guardei cada cêntimo no meu porquinho migalheiro (como diria a minha avó Maria), e conseguir criar um bom fundo de maneio para uma possível viagem…

Neste momento em viagem há 3 semanas e 2 dias e ainda não paguei nenhuma estadia, agradecendo desta maneira aos amigos espalhados pela Europa e aos hostsurfers, o transporte como já sabem é sempre em boleias, Alimentação? Bem por vezes fecho a boca e não se come, outras vezes as pessoas genuinamente oferecem comida e outro facto que tem ajudado na carteira é a opção de comer vegetariano. Uma mudança que optei por fazer nesta viagem, pelo menos ir tentando. E da qual estou muito orgulhosa pelo progresso que fiz.

É preciso pouco para viajar em “low budjet”, tenho um orçamento diário de 5 euros, na verdade é raro gastar 5 euros por dia. Gasto mais em Lisboa do que em viagem.

Incrivelmente onde tenho gasto mais dinheiro é em cappuccinos, não peço café porque é o mesmo preço e pelo menos o cappuccino tem mais quantidade! É uma bebida quente que dá acesso ao wifi e me protege do frio exterior.

Com este post pretendo transmitir que não é preciso ser milionário para viajar, para explorar e para saborear desta maneira a vida. É preciso esforço sim, bastante, não é tão fácil como parece. As boleias são muito giras, mas quando se tem que esperar 2 horas por alguém ao frio também desmotiva, dormir poucas horas, andar ao frio a visitar a cidade de mochila às costas também é brutal mas cansa, ao fim de vários dias ando exausta, mas sabe bem este cansaço. Longe do conforto da nossa cama, dos nossos amigos e da nossa família… Nem tudo é fácil. Mas o fruto final vale a pena.

Por isso poupem e venham.

”Travel is never a matter of money but of courage” 

11/11/2016

Marta Durán

Salzburg & Couchsurfing

Plano bomba, portanto tenho que estar em Pfozheim só na Segunda-Feira, e é Quarta-Feira. Ficar em Munique tanto tempo não é para mim, pensei. Vou só ali a Salzburg e depois volto tudo para atrás, afinal de tudo não pago o transporte.

E assim foi, em Salzburg não tinha ninguém então optei por usar a ferramenta Couchsurfing , felizmente tive uma resposta positiva num instante!

Casa: check 

Pus malas às costas na Quinta-Feira de manhã e lá fui eu.

A sorte está sempre à minha porta, as boleias têm sido fáceis de apanhar com pessoas muito simpáticas que me deixam no destino mesmo tendo que fazer um pequeno desvio.

Cheguei a Freilassing, cidade que faz fronteira com Salzburg que é a minha casa nos próximos 3 dias. Hans o meu hostsurfer foi-me buscar ao Macdonalds de carro mesmo morando apenas a 500 metros!

O Hans, neste post vou falar muito dele, foi o que ”fez valer a pena” a ida a este cantinho da Austria.  Com os seus 63 anos, com mais de 200 pessoas recebidas em sua casa e mais de 40 países visitados é um amor de pessoa, dá tudo o que tem aos seus ”guests”.

Na primeira noite vimos um filme, nada percebia porque aqui na Alemanha é tudo dobrado, mas a companhia era o mais importante.

Deu-me a chave e fez-me sentir em casa, e estava sempre a dizer ”If you don’t ask you don’t get” (Se não pedires não terás).

Acordei, tinha pão fresco à minha espera na cozinha, com fruta e 2 barras de cereais… incrível. Tomei o pequeno-almoço e saí para ir desvendar a cidade.

Uma pequena cidade conhecida pelo nascimento de Mozart e que na verdade parece feita de legos como já dizia uma amiga minha.

Subi, Subi e Subi até chegar ao topo da colina quando sou maravilhada por estas montanhas que me cortaram o ar, deitei-me na relva fechei os olhos e aproveitei aquele sol de inverno.

Sábado

O Hans levou-me a passear disse-lhe que queria ir ver natureza que já estava farta de cidade, ele sem hesitar disse que me levava a uma mina de sal e depois íamos a um lago, Konigsee. Não há palavras para descrever esta bondade, depois de um mega-pequeno almoço lá fomos!

Esta imagem vale por mil palavras!

Danke Hans!

29/10/2016

Marta Durán