No topo do monte está o forte de Mehrangarh onde vivia o Maharajá, a cidade está rodeada com grandiosas muralhas que protegiam antigamente dos ataques.
Food Tour:
Chamo-lhe food tour porque perdi-me pelos sabores onde provei as melhores Samosas uma Bread Omelette conhecida por toda a gente e até um Lassi (este não gostei tanto porque era demasiado doce)
Cada cidade é especial à sua maneira, para mim a zona em redor da torre do relógio (centro da cidade) que é uma influência certamente britânica ao seu redor está o mercado onde se vende de tudo e é impossível não me fascinar com tanto movimento e tanta coisa a acontecer.
Pushkar é uma cidade situada no distrito de Ajmer a cerca de 10 km, é um local de peregrinação para Hindus e Sikhs porque diz-se que Lord Brahma, o criador do universo, quando deixou cair da mão a flor de Lotus no vale surgiu o lago sagrado.
É ainda conhecido pela feira de camelos (Pushkar Camel Fair) realizada em Outubro ou Novembro, e leva ao movimento de muitos feirantes de toda a parte do Rajastão. São mais de 50 000 camelos vindos de várias zonas para serem trocados ou vendidos.
Pushkar é sem dúvida um sítio para relaxar, e respirar da confusão do Rajastão, puderam ainda guardar as compras e os souvenirs para aqui pois há imensa variedade e a preços excelentes!
O meu momento preferido em Pushkar foi subir ao Savitri Temple e daí ver um poderoso pôr do sol (Não fosse eu uma coleccionadora de fins de dia)
Jaipur foi a minha entrada no estado do Rajastão, como eu lhe chamo, a terra do Aladdin, o descobrir de um mundo novo. Senti-me a sobrevoar a cidade rosa com o tapete mágico.
Jaipur é a capital do Rajastão e é conhecida como “A cidade rosa”, já que em 1876 o seu marajá (rei de cada estado) mandou pintá-la dessa cor, para a visita do Príncipe de Gales.
Os edifícios são todos avermelhados e com uma grande influência Árabe . As ruas são caóticas e passam todo o tempo a buzinar, ao passear pelos mercados não há vendedor que não me aborde.
É um choque de cores, de sons, de cheiros e de tudo. Um mundo que nunca vi, e estranhamente gosto. Ao final do dia chego de rastos e consumida mas feliz.
Explorar Jaipur foi uma surpresa, especialmente o Monkey Temple e Amber Fort que ao ir sem qualquer expectativa me surpreenderam.
Hawa Mahal
Não entrei no palácio porque era demasiado caro e viajando por largos meses tenho que fazer escolhas, mas tenho a certeza que a fachada da parte de fora era a parte mais bonita do palácio. Tem 953 janelas pequenas e a verdadeira intenção era permitir que as mulheres pudessem observar o dia-a-dia e os festivais sem que pudessem ser vistas, visto que tem que obedecer estritamente ao ‘’purdah’’ (ter a cara tapada).
Monkey temple (Galtaji)
Um templo parado no tempo, construído entre as montanhas de Aravali a 10km Este de Jaipur, conquistado e habitado pelos macacos, faltam-me as palavras para descrever, mas as cores e a mística do lugar captaram a minha atenção. A pesar de ter sido deixado ao abandono e com pouco restauro o templo continua com uma beleza única.
Amber Fort
Este forte fica situado na cidade de Amer, nos aforas de Jaipur, mas merece toda a atenção, construído de pedra arenosa e mármore a sua beleza não vai desiludir também ele construído na cadeia de montanhas de Aravali.
É possível encontrar elefantes que fazem um pequeno circuito em torno do forte, mas eu como protetora dos animais não o fiz e apelo para não o fazerem, para não contribuirem para o mau-estar animal e quando viajem que pratiquem um turismo sustentável, antes de fazerem alguma actividade com a utilização de animais que se informem primeiro em que condição estão os mesmos. Por vezes há actos que valem mais que ‘fotografias ou likes no facebook.
O forte era um conto, foi perder-me pelos labirintos e descobrir os cantinhos mais preciosos.
Turismo sustentável e amigo do animal! Nao ande em animais selvagens por diversao e para a foto!
Bazares e Portadas
Atenção aos viciados em compras por aqui ”é tudo 100 rupias!” Aqui fica o aviso para não perderem a cabeça.
As portadas são magnificas e podia estar horas só observa-las.
A confusão de Jaipur encantou e as cores do Rajastão fizeram parar e absorver tudo!
Depois de 15 dias de trekking pelo circuito de Annapurna, que fizeram maravilhas ao corpo e à alma decidi aventurar-me por mais montanhas, desta vez pela zona de Langtang e dos lagos sagrados de Gosaikunda.
Aqui partilho partes do diário em dias que me marcaram mais, ou simplesmente é o que neste momento me faz sentido partilhar com vocês.
Aqui vai!
6/11/17
Localização: Woodland Guest House
Langtang foi das áreas mais afetadas pelo terramoto de 2015, e é notório quando se lá passa.
Uma derrocada gigantesca de um glaciar que destruiu um vila e mais de metade da população morreu. É incrível passar ‘’por cima’’ do que um dia foi uma aldeia, subterradas naquela imensidão de rochas estão vidas, histórias, pessoas..
Langtang renasceu a uns km mais à frente, famílias que perderam tudo recomeçaram do 0 com ajudas de ONG’s e com o resto de fé que ainda tinham.
Perguntar aos locais sobre o terramoto é fazer-lhes recordar o pior dia das suas vidas e da sorte que têm de estar ali para contar a história.
É triste saberem que pais, irmãos, amigos estão a escassos metros debaixo de escombros.
Caminhar por Langtang é emocionante e sente-se uma mística no ar, uma paz triste, uma força da natureza impossível de combater.
Relembro também as pessoas que como eu, que vinham conquistar montanhas e cumprir sonhos, estar em harmonia com a natureza acabando por perder a vida neste desastre natural.
Creio que toda as estrelas que beijam este céu são aqueles que perderam aqui a vida.
Hoje, longe da azafama da rotina da vida real, das horas, das regras. Estou perdida no tempo e no espaço. Isto traduz-se em felicidade.
9/11/17
Gosaikunda (4400m)
Os lagos sagrados, onde se diz que se se mergulhar ganhamos poderes do deus Shiva, mas com este frio torna-se uma missão quase impossível.
Este ambiente e os lagos rodeados pelas montanhas nevadas fizeram-me ficar por mais uma noite, o Inverno começa em 1 semana e os lagos vão congelar e tudo ficará mais branco.
É extraordinário pensar que estou no meio das montnhas que o tibete é já ali que me superei a todos os níveis.
Foi 1 mês a caminhar, de descoberta interior e de conhecimento pessoal, foi testar os limites e viver em pleno.
Perder-me nos dias e nas horas e não ter planos ser o maor dos planos. Estar longe do mundo e da realidade da vida que nos consome sem que nos apercebamos disso.
Estar aqui é fugir mas também encontrar algo nunca antes sentido.
(Demasiado frio, a garrafa de água ficou de fora e congelou)
12/11/17
Localização: Chisapani
O fim de mais uma caminhada viver é experimentar e não ficar a pensar no sentido da vida.
Por vezes é preciso para longe antes que possamos compreender o que está perto.
Nasci viajante, há algo em mim que me move constantemente a explorar, a buscar o meu interior por mais que esteja sempre comigo. Há um mundo que me faz sair de casa e encontrar-me com a vida constantemente.
‘’ Os sonhadores não podem ser domados’’
Agradecimento:
Quero agradecer ao Romén que conheci no segundo dia do trekking numa guest house que me acompanhou na conquista desta montanha! Por todos os momentos partilhados motivação e força de vontade.
Começamos um caminho sozinhos mas a verdade é que há sempre alguém especial que se cruza pelo caminho!
Hoje era uma distância curta, mas íamos subir até aos 4800m logo já sabia que de fácil nada teria. Hoje ficamos no Campo alto de Thorung pois amanhã é o dia D, cruzar o passe.
Fui devagar, ao meu ritmo. As subidas já em certa altitude cortam a respiração e cada passo é um desafio.
Antes da maior subida parei uns 30 min e comi um chocolate que ”soube a pato”.
Estar em sintonia com a natureza ajuda a ultrapassar cada desafio. O silêncio, o vento, os pássaros.
Parar, respirar olhar em volta e voltar a caminhar.
‘’ Que sorte tenho em estar aqui’’
Que feliz sou quando entregue às montanhas, ao mundo virgem e ás pessoas de alma desprendida.
Por mais que custe a subida, o topo é vitória, porque eu consegui! E quando rodeada de pessoas que te motivam mais fácil se torna.
À chegada já estava Laura, Juan e Rámon a esperar com um sorriso e um abraço.
Partilhamos vitórias e sofremos juntos.
Foi um dia de volta da mesa, rodeada de pessoas que aquecem a alma!
Como vou guardar estes ninhos e passarinhos no meu coração.
(Espanhóis são ninhos e passarinhos, expressão usada pela minha mãe porque falam muito)
-Thorung la Pass-
(5455m)
18/10/2017
O DIA D
Chegou o dia mais esperado, cruzar o ponto mais alto do circuito da Annapurna.
Uma subida que podia correr mal, uma montanha que podia ter ficado por escalar. Um sonho que poderia ficar por cumprir.
Mas em primeiro lugar estamos nós e a nossa saúde.
Foi uma subida de 5km, onde escalaria quase 1000m, o ponto mais alto em que estive na minha vida.
Coragem e força de vontade, iniciei a subida, os primeiros metros são complicados, o corpo está frio e a habituar-se ao ritmo. Depois de aquecido pensava que seria mais fácil, mas não. Era só subir, e cada passo custava mais que o outro, a respiração tinha que ser controlada e as paragens ao longo do caminho para acalmar o batimento cardíaco, pois por vezes parecia que o coração ia saltar pela boca.
Assim que ia subindo senti a pressão na cabeça e o estômago a dar voltas, aí tudo complica. A cabeça parece que vai rebentar cada vez que subo uns metros.
Que jogo físico e psicológico constante.
‘’Faltam 10 min’’
E não parei de subir a minha montanha, de alcançar o meu objectivo. E já a chegar avisto laura de sorriso estampado no rosto e de braços abertos para me apoiar! Não consegui segurar as lágrimas, chorava de felicidade emoção e cansaço.
Foram tantos dias a caminhar, a partilhar e a chegar àquele ponto foi escalar a montanha que tanto desejara e poder partilhar a dor, o sofrimento, a emoção, a felicidade com todas estas pessoas tornou a caminhada tão mas tão mais rica.
Subi com a Eva e o Israel que me motivaram até ao fim!
Conseguimos! E a vitória partilhada sabe tão melhor!
Testar o corpo e a mente desta forma foi dos maiores desafios até hoje, e este desafio fortaleceu algo que estava por descobrir em mim.
A descida foi dolorosa, a cabeça latia a cada passo e os joelhos reclamavam foram 3h de descida a pique. A Eva e Israel estavam comigo, estava com sérias dores de cabeça e tinha que parar imensas vezes, acompanharam-me até ao final. Como pessoas que ao cruzar um olhar podem não nos dizer nada e depois tornam-se companheiros de uma viagem que fica marcada para a vida?
Mais uma vez, exaustivamente feliz!
E estou inexplicavelmente de coração cheio.
(No topo só me lembrava de Hakuna Matata, a vida sem problemas!)
Chefchaouen, chamei-lhe de paraíso azul, é uma cidade situada no Norte de Marrocos, rodeada das montanhas Riff, esta área é ainda conhecida pelas plantações de haxixe.
É uma vila que hipnotiza pela sua cor, pelos seus cheiros e pelas suas ruas. Para quem vive em Lisboa é uma comparação ao bairro de Alfama mas todo azul.
É fácil perder-se e até dá um certo gosto, as pessoas sorriem ao contrário de outras grandes cidades, uma cidade pitoresca que dá vontade de voltar. Tive a sorte de ter uma visita guiada pela cidade com a Arlene que estava também a fazer couchsurfing com o Nabil (Marroquino) que era professor de matemática.
Após uma pequena caminhada até ao miradouro sou surpreendida por esta paisagem:
Caminhar pela medina é refletir e aproveitar a paz do sítio, ainda que seja turístico é possível escapar. Ainda fiquei apaixonada pelo mercado, onde vendiam desde legumes a fruta tudo fresquinho e barato!
Aqui os velhotes não gostavam que os turistas tirassem fotos, creio que por invasão de espaço ou provavelmente ainda acabam num postal! É compreensível!
Deixo-vos com algumas fotos deste sitio magnífico e se forem a Marrocos não deixem de passar por Chauen.
Azul é tranquilidade e harmonia e é isso mesmo que esta cidade reflete para os que lá passam. O Azul simboliza o céu, o mar e o infinito. Estar nesta cidade acalma a alma.
Fiz a mala e vim, fiquei em casa do Kengo (couchsurfing) que me recebeu de braços abertos na sua casa partilhada com a Bonnie e a gata Clyde. O Kengo esteve 3 anos na Namibia a fazer voluntariado. Diz que foram os melhores anos da vida dele aprendeu a falar alguns dialectos, a cozinhar com pouco e diz que deixou o coração em África e disso já é uma coisa que temos em comum. É meio Americano e meio Japonês, os pais são Japoneses mas ele nasceu cá.
Neste momento está a trabalhar em Dc numa firma de advocacia do ambiente ( não percebi bem o que fazia), a verdade é que trabalha demasiado… Os Americanos têm um grande ritmo de trabalho, trabalham horas a fio tem 30 minutos de almoço ( e é se têm) e só podem gozar de 17 dias de férias por ano (depende da empresa). Tive pena do Kengo e disse-lhe logo que aquilo não era vida.
O meu host Kengo
Washington é provavelmente dos sítios mais falados hoje em dia, pois é onde tudo está a acontecer neste momento, não se fala noutra coisa senão o presidente Trump. Bem não foi por isso que vim óbvio, porém devo confessar que foi interessante ver alguns protestos.
Tive a sorte de estar um tempo bestial percorri a cidade toda a pé! Fui a alguns museus e para minha sorte eram todos grátis!!! Se não fossem teria de pensar 2 vezes antes de entrar…
Esta escapadela deu para arejar a cabeça e tomar algumas decisões.
Tive a oportunidade de rever uma amiga de Macau que foi brutal!!!! Há coisas incríveis de Macau para Washington… fiquei tão feliz quando a vi, ainda por cima foi uma ajuda preciosa durante a minha estadia por lá.
Agora de volta a ”casa” e pronta para outra saída 🙂
Nem sei por onde começar, depois de Leiden partimos em direção a Rotterdam onde apanhámos uma boleia de um senhor muito simpático com um riso histérico e muito característico.
Deixou-nos à porta do nosso host.
Já tinha todas as indicações deixadas por Hans (o host). Disse que provavelmente não estaria em casa quando chegássemos então escreveu:
‘’ Vou deixar as chaves numa frecha em cima da porta de entrada. Podes tirar as chaves e abrir a porta. Sobe todas as escadas e quando chegares caminhas para a direita. O segundo quarto do teu lado esquerdo é para os couchsurfers‘’
E assim foi, senti-me num filme a ir passo a passo à descoberta do tesouro.
E fiquei impressionada com o ‘’hostel’’ que o Hans ali criou.
Abri a porta do quarto e Miguel, outro Couchsurfer recebeu-nos com um sorriso!
Olho em volta e estou numa casa com 2 andares onde o 1º era só para nós, com 1 casa-de-banho, 1 duche, 1 cozinha e 1 quarto com uma cama de casal e 4 colchões espalhados pelo chão. Bem o que vos parece? Para mim serve.
Desarrumação total e a limpeza não estava nos trincos mas é perfeito.
Passei 2 noites, conheci o Kofi do Gana que estava lá a estudar e que ainda me proporcionou uma grande conversa. Lá o espero em Portugal com casa garantida claro! (Se por lá andar)
Esta estadia acabou comigo a acordar picada por ‘’bed bugs’’, ou seja, percebejos mas não soa tão bem. Pois a vida tem destas coisas!
Era para verem o quão aquilo estava limpinho, não faz mal está tudo bem, há coisas piores.
Lá vamos nós para Eindhoven!
(Placar na mão, sorriso na cara e muita palhaçada)
Desde um rapaz da Republicana Dominicano até a um Sr. Policia muito simpático que prometeu não me algemar.
Lá chegámos.
”Acampámos” nos Macdonalds a roubar wifi e electricidade até às 5h da tarde.
Até que aparece o nosso novo host, Willem 23 anos (parecia ter 30 anos) barba grande e barriguinha.
Entrámos no carro (Se posso chamar de carro estava tudo sujo e rangia por todos os lados)
O melhor está para vir….
Entrámos na sua casa que era, portanto, um edifício abandonado da Philips.
Fiquei pasmada! Mais outra situação de filme.
A entrada eram portas giratórias, uma recepção do lado direito, mas estava tudo vazio e escuro apenas haviam bicicletas e 1 skate.
Subimos para o 1º andar e ele morava num antigo escritório!
Paga 210 euros de renda com tudo incluído, tem um quarto espaçoso e desarrumado cheio de colchões para os couchsurfers, uma cozinha nojenta e uma sala com garrafas de cerveja por todo o lado! Dizia ele que até estava arrumado.
É designer e eu só pensava que grande artista que este me saiu.
Havia desenhos espalhados por todo o lado e no meio de tanta confusão fiquei apaixonada pelo lugar e imaginei-o à minha maneira.
Uma pequena visita guiada pelo edifício:
1 zona de cinema
1 discoteca com bar, luzes e máquina de fumo
1 sala de jogos com matrecos e bilhar
1 casa de banho
1 duche
E todo um edifício livre para correr, pintar e inventar.
Era incrível ainda lá estavam 2 elevadores parados. Só pensava como aquilo um dia foi um local de trabalho e hoje é um abrigo para 15 pessoas.
Nos entretantos Willem foi buscar 2 rapazes à estação e quando entram pela porta vejo uma bandeira Portuguesa! Só digo ‘’ Não acredito!!!’’ com o maior sorriso! 2 beijinhos, apresentações feitas, conversa puxa conversa já temos amigos em comum! Como a Mafalda diz ‘’O mundo é um bidé’’
Encontrar viajantes portugueses com o mesmo modo de viajar é incrível!
No dia seguinte acordámos e partilhámos a comida como irmãos e fomos descobrir a cidade juntos.
O gangue dos tugas, ia eu com uma bicicleta chopper a mandar estilo, sorrir e acenar para os carros que passavam.
Em Holanda, sê Holandês mas com estilo.
Risada atrás de risada e muitas histórias de viagens! Passei um dia mega divertido com o Renato e com o Leandro.
Com certeza foi um até já ‘’meus putos’’.
Agora já vos escrevo de Veneza. Avião a 13 euros é para aproveitar, e por aqui vou ficar a dormitar. Saco de cama aberto, chão já meio aquecido, almofadinha enchida e estou pronta. Os hotéis em Veneza são todos muito caros!
O bilhete de avião pelos vistos vinha com estadia incluída.
Não vos julgo, eu própria achava que quem viaja é porque só podia ter muito dinheiro.
E na verdade há quem viaje com muito dinheiro para gastar, mas eu não sou assim, além de não poder não tem tanta piada.
Cá eu não sou rica, aliás sou, mas não nas minhas economias. Desde sempre aprendi a poupar, aniversários, Natal, Páscoa, dia da criança, na verdade tudo era desculpa para receber prendas, e eu aproveitava sendo a única coisa que queria receber era: Dinheiro e chocolates. Nunca ninguém sabia o que me oferecer, então o mais fácil era sempre dinheiro.
Poupava sempre com algo em vista, nunca gostei de pedir à minha mãe, tentei sempre arranjar maneira de ter algum dinheiro, fiz figurações (sim ia bater palmas para os programas da manhã) e ainda trabalhei num café .
Isto para dizer que sempre fui muito poupadinha.
Os meus amigos já me conhecem, não gosto de gastar dinheiro porque estou sempre a pensar na próxima viagem, e cada almoço fora é no mínimo menos 1 dia de viagem. O primeiro passo é esse mesmo, fazer escolhas no nosso dia-a-dia, levar almoço de casa, não ir jantar tantas vezes fora, deixar alguns vícios de lado.
Durante o último ano estive a trabalhar nos tuk tuk em Lisboa, enquanto estudava ganhava uns trocos, guardei cada cêntimo no meu porquinho migalheiro (como diria a minha avó Maria), e conseguir criar um bom fundo de maneio para uma possível viagem…
Neste momento em viagem há 3 semanas e 2 dias e ainda não paguei nenhuma estadia, agradecendo desta maneira aos amigos espalhados pela Europa e aos hostsurfers, o transporte como já sabem é sempre em boleias, Alimentação? Bem por vezes fecho a boca e não se come, outras vezes as pessoas genuinamente oferecem comida e outro facto que tem ajudado na carteira é a opção de comer vegetariano. Uma mudança que optei por fazer nesta viagem, pelo menos ir tentando. E da qual estou muito orgulhosa pelo progresso que fiz.
É preciso pouco para viajar em “low budjet”, tenho um orçamento diário de 5 euros, na verdade é raro gastar 5 euros por dia. Gasto mais em Lisboa do que em viagem.
Incrivelmente onde tenho gasto mais dinheiro é em cappuccinos, não peço café porque é o mesmo preço e pelo menos o cappuccino tem mais quantidade! É uma bebida quente que dá acesso ao wifi e me protege do frio exterior.
Com este post pretendo transmitir que não é preciso ser milionário para viajar, para explorar e para saborear desta maneira a vida. É preciso esforço sim, bastante, não é tão fácil como parece. As boleias são muito giras, mas quando se tem que esperar 2 horas por alguém ao frio também desmotiva, dormir poucas horas, andar ao frio a visitar a cidade de mochila às costas também é brutal mas cansa, ao fim de vários dias ando exausta, mas sabe bem este cansaço. Longe do conforto da nossa cama, dos nossos amigos e da nossa família… Nem tudo é fácil. Mas o fruto final vale a pena.
Por isso poupem e venham.
”Travel is never a matter of money but of courage”