Adeus 2016

Escrevo sobre 2016 com lágrimas nos olhos e um sorriso estampado na cara, foram 366 dias intensos, e sabem que mais? Passaram num ápice.

O ano começou longe de casa no Myanmar, a fazer um direto para o programa Portugueses pelo mundo na passagem de ano na RTP 1, seguiu-se uma viagem de 2 meses pelo continente Asiático. Não poderia ter começado de melhor maneira… e adivinhava-se um ano em cheio.

Fui responsável do GASTagus (grupo de voluntariado) no polo ISEG, e passei todas as Segundas e Quartas-feiras com pessoas fantásticas, sim vocês.

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Fui para S.Vicente, Cabo Verde para as Aldeias SOS e conheci o Mário, o Still, o Edson, o Kleiton, o Kleidir, o Walla, o Leandro, o Alex, o Nitó, a Alicia e criei uma família improvável.

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Passei o meu aniversário na costa vicentina e atulhei o carro na areia, teve que ser puxado por um trator. Trabalhei nos tuk tuk em Lisboa e juntei dinheiro para as minhas viagens. Fiz os caminhos de Santiago.

Estive em 3 continentes diferentes e visitei 19 países, apanhei 10 aviões, mais de 80 boleias, ouvi mais de 10 idiomas e palmilhei km sem conta.

Europa, Ásia e África

Myanmar, China, Tailândia, Cambodja, Macau, Hong Kong, Malásia, Singapura, Cabo Verde, Espanha, França, Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Eslóvenia, Austria, Hungria, República Checa e Polónia.

Criei um rio de lágrimas em todas as despedidas e momentos difíceis, mas contagiei tantas pessoas com o meu sorriso.

2016 não foram só rosas. O mundo perdeu a Mimi a minha gatinha de 12 anos e perdeu o Carlos, hoje dia 31/12 era o seu aniversário.

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Licenciei-me;

Viajei sozinha;

Aprendi a gostar de ler;

Escrevi este blog;

Deixei de comer carne e comecei a gostar de legumes;

Agradeço a 2016 e a todos que me acompanharam, o meu ano foi feito de pessoas e de experiências incríveis.

” A felicidade só é real quando partilhada” – Into the Wild

Agradeço às oportunidades que me foram dadas, aos desafios, às tristezas e às felicidades.

2017?  Venha ele, também a começar da melhor maneira a viajar.

Para este 2017 não crio expectativas não sei o que me espera. Só desejo paz interior, continuar a viajar, saúde, amor, conhecer pessoas que me inspirem e inspirar quem me rodeia.

Ser Feliz e Acreditar é o mote para este novo ano.

Para todos vocês não se esqueçam que têm mais 365 dias para se realizarem, para serem felizes. O dia de amanhã será apenas mais um dia mas façam-no

”O primeiro dia do resto das vossas vidas”

Em breve haverá novidades,

Marta Durán

31/12/2016

 

Olá Lisboa!

Desde Manzanares até Estremoz

Após 2 boleias cheguei a um posto de descanso em Cidade Real onde fui em busca de camiões de matrícula Portuguesa!

Eis que encontrei um, e que grande sorte… O Sr. João era para ter saído às 9h mas decidiu partir mais tarde, na verdade ele ficou à minha espera!

Foram 4h e muito de viagem com o Sr. João, muita conversa, muito alcatrão e buracos. As estradas nacionais espanholas estão numa lástima!

Estávamos ambos ansiosos por chegar a território nacional para ouvir a RFM e beber um belo café Português já que o Espanhol é apenas água suja! Entrámos em grande a ouvir Quim Barreiros.

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Obrigada Sr. João pela simpatia e pela enorme ajuda! Até uma próxima!

Parei em Estremoz de onde vêm parte das minhas raízes, a minha mãe nasceu cá e os meus falecidos avós viveram aqui. É um lugar muito especial no meu coração e fez-me todo o sentido parar aqui antes de voltar a casa.

Na verdade, acho que por meros segundos acreditava que iria bater à porta e eles estariam lá de braços abertos e com um sorriso para me receber, acredito sempre. Mal cheguei fui visita-los, dói olhar para uma campa e para 2 fotografias. Como é que é possível? O tempo passa mas não os apaga, não atenua a dor. Falei com eles desabafei, chorei e o tempo que ali estive foi aconchegante . Era eu e eles. A relembrar momentos.

”Vejam como estou crescida, vejam como já venho sozinha visitar-vos.”

Fiz o caminho que fazia sempre com a avó até casa, parei nos mesmos sítios, os cheiros são os mesmos, está tudo igual…

Não tinha onde dormir, mas já tinha pensado. Fui bater à porta da vizinha Odete, quando era criança passei muitas tardes a brincar com o seu cão bolinhas e sabia que não me iria deixar na rua.

Bati, abriu a porta. Abracei-a e desatei a chorar. É difícil, é tão difícil voltar aqui, a esta rua e não os ter…

Odete, acabei de chegar de 2 meses de viagem posso ficar aqui a dormir?

Claro minha filha

E assim foi, uma última dormida antes de chegar a casa. Recarreguei energias e enchi a barriguinha com uma bela sopinha e pãozinho alentejano, já estava em casa.

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Pela manhã seguinte já estava a pé às 7h, e às 9h estava na estrada a pedir boleia.

Fui até à Nacional 4 e esperei.

A primeira boleia, foi o André das Pedras que vive em Montemor! Deixou-me na entrada da auto-estrada para Lisboa, um rapaz muito simpático.

Esperei nem 10 minutos e pára um camião que ia para Lisboa, o camionista era Espanhol, ri-me durante a viagem toda ainda parámos em Vendas Novas e pagou-me um cafézinho e um pastel de nata. Deixou-me na bomba antes da ponte Vasco da Gama, aí apanhei uma carrinha que me deixou na 2ª circular e depois para terminar um senhor Nigeriano que me deixou em Alfragide.

Já estava em Lisboa, mas que estranho. De Alfragide fui até casa a pé, 1 hora a andar já se torna fácil… Chegar a casa e não ter chave! O que vale é que tenho sempre amigos para me ajudarem.

Bem e agora estou de volta, está tudo igual… ainda não aterrei.

Perguntam-me agora se vou continuar a escrever? Sim, continuarei em breve há mais novidades e sempre que me recordar de alguma aventura ou algum desabafo é aqui que me vou expressar.

Feliz Natal e Boas Festas

18/12/2016

Marta Durán

A minha mochila

Agarro-te pela alça e com impulso atiro-te para as minhas costas, passo o braço esquerdo pela outra alça e ajusto-te puxando as fitas.

Um click em baixo, outro click em cima, mais uns puxões nas fitas e estou pronta. Este movimento constante e repetivel inúmeras vezes.

As primeiras vezes são dolorosas, estás pesada e não te moldas, é um farto andar contigo.

Click em baixo, click em cima, tirar o braço esquerdo da alça, atiro-te para o chão. Desculpa. Relaxar os ombros e suspirar. Sinto-me leve.

Hora de ir. O movimento é repetivel. ‘’estás mais leve’’ penso.

Caminho km e km contigo às costas e tu levas a minha bagagem. É justo. Torna-se prazeroso andar contigo, quando não te tenho sinto-me incompleta. És sinal de liberdade, de aventura, de descoberta, de encontros, de noites diferentes, de novas pessoas, de falta de rotina e de desculpas para tudo.

Sabes, quando te tenho posso ‘’acampar’’ onde quiser, carregar o telemóvel, utilizar o wifi, comer sem cuidados, ir ao WC lavar os dentes e a cara sem que ninguém me diga nada, posso ficar horas nesta rotina e apenas consumir o que de mais barata houver à venda.

Estás suja, imunda. Não faz mal, não me importo, é sinal de uso e de lugares.

És linda sabias? Tenho um grande amor por ti, acompanhastes-me em todas as viagens mais importantes da minha vida e nunca me deixas-te ficar mal.

Obrigada Quechua, por aí há milhares iguais a ti mas para mim és única, minha e perfeita.

13/12/2016

Marta Durán

Estou a chegar…

Não tenho escrito, estive doente. Um género de gripe com aqueles calafrios e febres estranhas. Uma enorme vontade de dormir pela noite.

Desde a última vez que escrevi já palmilhei alguns km. Após a chegada a Zurich no tal autocarro de 20h apanhei uma boleia direta para Payern, sorte, muita sorte. Estava a andar pela rua sem bateria no telemovel e mostrei a um senhor, que estava a carregar uma carrinha com vinhos um placar a dizer Bern. Vóila era para onde ele ia.

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Mas que senhor. Sapatos xpto e bem vestido. Uma mistura de francês com italiano, tinha acabado de comprar 200 garrafas de vinho num leilão (e o pagamento acabou com o plafon do cartão) e ia a Bern buscar uns móveis vintage que tinha encomendado e eu fui com ele! Tivemos que ir ao centro da cidade para ir ao banco levantar o dinheiro, fez-me uma visita guiada a Bern ofereceu me um cappuccino e só depois fomos buscar a mobília. De facto vintage, não pagava nem metade do que ele pagou pela mobília mas gostos não se discutem! Depois das compras estarem feitas teve a maior gentileza de me deixar em Payern mesmo não indo para lá ! Merci !

Estive 2 dias na Suiça em Payern a recarregar energias e a ser tratada como uma princesa pela Rosa e o Rafael, não me sentia a 100% e aqui foi o melhor sítio para descansar. Há relações que se estabelecem que é difícil explicar por palavras, mas também não é preciso. Nestes 2 dias fomos dançar kizomba e falámos de tudo e mais alguma coisa.

A Rosa é uma amiga muito especial, e desejo-lhe o melhor do mundo, porque merece. Estava destinado que nos haveríamos de encontrar, os lugares do avião não foram escolhidos ao acaso tenho a certeza. Até já Rosa e um abraço apertado dos nossos.

(Infelizmente não tirámos nenhuma fotografia mas está na memória)

Parti meia doente mas decidida a chegar a Lisboa à boleia. Quem me conhece sabe que quando meto uma ideia na cabeça tenho que a concretizar. Tenho que acabar o que comecei, não posso deixar a meio e não é uma gripezinha que me vai parar.

De Payern fui para Valence, Franca. Foram 6 boleias e um dia estafante, o pior de todos até hoje. Cheguei ainda pior a casa e desmotivada para voltar, aliás só queria voltar. Estar doente ”sozinha” não é fácil, mas aguenta-se, há de passar ! Em Valence fiquei com o Maxime e a namorada de Hong Kong, se acham que eu sou aventureira estes dois… o Maxime esteve a viajar durante 1 ano e meio só à boleia, desde a Europa até à Ásia, passou pelo médio oriente, trabalhou no irão , apanhou boleias na China e até que chegou a Hong Kong e apaixonou-se, ambos viajaram durante uns meses até que ela engravidou, tinham voltado há 3 semanas para ter o bebé.

Eram 22h e já estava deitada, 39 de febre precisava de dormir.

Pela manhã seguinte fomos passear por Valence e conhecer esta pequena cidade. Deixou-me no melhor sítio para pedir boleia. 30 min e pára o 1 carro! 2 boleias até Montpellier.

Aqui vim para casa de Natou nasceu em Dakar, esta Mulher é incrivel, recebeu-me com uma energia incrivel e claro um pratão de comida, é Africana…

Fomos passear as duas, ela com a sua genica e eu mais para lá do que para cá, mas só me conseguia rir com as suas parvoíces.

À noite voltei a sentir-me mal, mas nada que o seu maravilhoso chá e muita comida Africana me curasse.

A mamã Natou tratou bem de mim e tive pena de apenas ficar com ela 1 noite! Fui-me deitar cedo para seguir à boleia para Barcelona.

Mérci e vêmo-nos em Dakar !

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Já estou em Barcelona após 3 boleias!

Uma senhora que já fez missões humanitárias de curta duração e o próximo destino era Cambodja.

Um casal Espanhol que adorava viajar e fotografar já tinham percorrido meio mundo também

Um casal jovem com 2 filhos pequenos, fui no meio das cadeiras mega apertada, viemos a cantar a viagem toda! 

No meio disto tudo perdi a go pro, fiquei triste por todos os videos que lá tinha, ia fazer uma montagem final e não tinha tudo guardado. Enfim, já não esperava outra coisa de mim tinha que perder algo não é? Ou não me chamava Marta.

Ia apenas pernoitar, mas decidi ficar um dia, passear e escrever, já cá tinha estado mas senti-me bem ao pé da praia, amanhã sigo viagem!

Já ouvi dizer que boleias em Espanha não são fáceis vamos lá ver…

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12/12/2016

Marta Durán

20h de autocarro

Já estava decidido que iria voltar para Portugal à boleia, os voos são caros e terminar esta viagem de uma forma simples e momentânea não faria sentido. Quero voltar para o Natal e quero sentir-me cada vez mais perto de casa a cada boleia que apanhe.

Estou na Polónia e se fosse desde aqui provavelmente não chegaria a tempo e para além disso está a nevar e aguentar tanto tempo parada iria ser um martírio.

Porque não voltar ao país onde esta viagem começou e desta vez voltar para casa?

E aqui estou eu num autocarro desde as 2 da tarde, são agora 20h só chego às 9h da manhã.

20h de viagem, fazem-me lembrar as longas viagens de autocarro na Ásia só que pela janela vejo neve e ao meu lado não tenho ninguém. Atrás está um senhor que se apoderou dos 4 lugares e dorme e ressona tranquilamente. ”sabe-la toda”

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Sempre achei as viagens de autocarro nostálgicas, afinal de contas durante a infância e os tempos de escola o autocarro significava visitas de estudo, ATL de verão, campos de férias, idas a torneios, visitas aos avós, viagens a Andorra. E como me lembro da disputa de lugares. De quem fica ao pé de quem, e que na ida vou com aquele mas na volta vou com o outro. Os mais rebeldes iam para trás, gritavam e cantavam. As meninas nos lugares da frente, umas conversavam outras fechavam-se no seu mundo com os fones no ouvido. Eu obviamente ia para os lugares de trás, não por ser rebelde, mas por adorar cantar e rir-me com as parvoíces dos outros, e das minhas, claro.

Hoje para mim o autocarro é um lugar de reflexão enquanto estou sozinha não me posso encostar ao ombro do lado, por isso o vidro torna-se uma excelente almofada. Ninguém parece querer falar então também eu ponho os fones e perco-me em pensamentos.

Olho para o vidro e vejo-me, a escrever e a recordar esta viagem, a dar inicio ao regresso a casa, à família e aos amigos. Um misto de emoções do querer voltar e dar inicio a outra etapa que está para vir e por outro lado despedir-me desta viagem que tão bem me fez.

A Rosa espera-me na Suíça, não sei se se lembram da viagem de Portugal para Genebra, a minha companheira do lado com a qual falei a viagem toda. Sim, vou ter com ela não podia deixar que esta conexão ficasse por ali. E é incrível como estas coisas acontecem.

Fomos parados antes de passar a fronteira.

Entraram 2 polícias polacos com cara cerrada, pediram os passaportes. No final do autocarro (aí está os rebeldes) estavam a demorar imenso tempo, de repente oiço uma troca de palavras em tom mais elevado, pumba, algemaram um e revistaram um chinês de alto a baixo mas lá se safou.

Aqui tive dificuldades em integrar-me com as pessoas, são frias e não esboçam sorrisos. Só me conseguia rir com a cara de má com que fui atendida inúmeras vezes, a brutalidade com que respondem é engraçada. A mãe e irmã ficaram chocadas, mas o troque está em não levar a mal e rir, já a minha mãe dizia ”O meu rico Portugal”

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Não esqueço a história deste país e deste povo, e acredito que parte destas atitudes vêm do seu passado.

06/12/2016

Marta Durán

”Quem não arrisca não petisca”

Tinha medo, mas arrisquei.

Desde pequena que ouço que quem não arrisca não petisca. Sabia que ia para lugares incertos com rotas por delinear, pessoas por conhecer e decisões para tomar. Aqui acabei não só por petiscar mas estou de estômago cheio.

Reaprendi que os lugares são feitos de pessoas, que o amor está em todo o lado, que estar sozinha é prazeroso mas que por vezes custa, que os amigos são um apoio incondicional, que sou mais forte do que pensava e que se estava a remar contra a corrente agora a mesma me leva na sua direção.

O mundo nunca irá acabar enquanto tiver vontade de vivê-lo. De ser feliz. De fazer o que amo. Porque a vida é isto para mim, Amor e sonhos. Nem sempre tudo corre como planeado, por isso o melhor mesmo é deixar de fazer planos.

Viver o dia-a-dia porque o amanhã é incerto. Será sempre.

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03/12/2016

Marta Durán

Surfar em sofás

Escrevo frequentemente sobre couchsurfing e sobre as pessoas que me recebem, tenho tido uma sorte enorme. Desde que comecei a viagem ainda não fiquei em nenhum hostel e isso tem-se tornado na melhor parte desta aventura.

Para mim couchsurfing é muito mais do que não pagar para dormir. É partilha de vivências, troca de culturas, troca de hábitos, dar e receber. Cada pessoa que me recebe é diferente e faz as coisas à sua maneira. Mas sabem o que é incrível?

É chegar a casa da pessoa e parecer que já nos conhecemos à décadas, como é que isto é possível? Uma troca de palavras e já me sinto em casa…

Vou-vos mostrar onde e com quem tenho pernoitado:

Praga, Republica-Checa:

Hana, Tom e Aliska esta familia juvenil que me recebeu tão bem em Praga! Estabeleci mais relação com Hana em que conversámos durante horas sobre histórias engraçadas de viagens e rimos que nem doidas! Cozinhámos juntas, e eu fiquei de cortar o pepino… mas têm que perceber que ainda sou nova na cozinha, então gozaram comigo sobre a maneira como o cortei, disse que era artístico e o sabor iria ser o mesmo!

Esta foi a noite que a Mafalda foi embora… Obrigada pela companhia e pelas partilhas espero que tenhas gostado da ”minha” boleia porque eu fiquei encantada com o teu design eheh. Até já.

Nurembergue, Alemanha:

Recebida por uma família fantástica, Lawrence e Peggy ambos professores ele British ela Americana! Tinham a gata Lilly muito querida, mesmo quando me arranhou!

Prepararam-me um jantar vegetariano delicioso, e pela primeira vez nesta viagem jantei ”em familia” soube bastante bem! Foram super cuidadosos e ainda tivemos tempo para falar música! O Lawrence é muito engraçado, é um adulto que parece um jovem, é ciclista, guitarrista, fotografo e artista. Está sempre a inventar pelo que percebi mas é bom! Têm ambos uma vida bastante activa e a casa está decorada pelos couchsurfers!

Falando da gata a Lilly pela manhã presenteou-nos com 2 ratinhos mortos… bahhh

Dresden, Alemanha:

Depois de 5 boleias até Dresden, a última decidiu deixar-me à porta do meu host, um casal mega simpático! Danke.

Pradeep, 26 anos, Indiano e está a estudar Engenharia Civil.

Mal cheguei fomos visitar a cidade juntos, fingiu  ser um óptimo guia turístico (isto porque não sabia a história e rimo-nos imenso com a situação) e levou-me a ver os monumentos principais da cidade. Ainda passámos pelos mercados natalinos só para ver e cheirar, porque os preços são muito elevados! Enquanto cheirar for grátis nós aproveitamos! Diverti-me imenso.

Leipzig, Alemanha:

A Kamila mal respondeu à minha mensagem convidou-me para ir com ela e com a filha à piscina e à sauna. Porque não? Até tinha posto um bikini na mala por mero acaso de isto acontecer!

E lá fui, e estava tudo bem até que entrei na sauna, onde a regra era toda a gente tinha de andar nu. Homens e mulheres tudo misturado. Desculpem mas isto é demais para mim!

Era todo um mundo de nudistas à minha frente a badalar… Não quis dizer que não à Kamila, tapei-me com a toalha. Até que tive que tirar para entrar numa sauna. Corria por todos os lados e tapava-me com as mãos que tinha e que não tinha.

Tive que aceitar. A verdade é que fui uma vez e já não voltei.

A Kamila insistia mas eu dizia que preferia a piscina!

Passei 3 dias com elas e foi um bom descanso. Comi super bem e senti-me mais uma vez em casa!

Berlin, Alemanha:

Antes de chegar a Berlin:

Com temperaturas quase negativas torna-se dificil pedir boleia, as mãos congelam. Estava farta de estar parada no mesmo sítio, decidi andar, sem parar para aquecer! 5 km e achei que tinha chegado ao ”spot” perfeito. Esperei… Vejo passar um carro com ”B” na matrícula, isto quer dizer – BERLIM!!

SORRI E MOSTREI A MINHA DENTUÇA TODA. – NÃO PAROU! BOLAS. Shizer.

De repente… o marmelo dá meia volta e pára ao meu lado… Olha parece que mudou de ideias.

Parece que estou com os dentes brilhantes, pensei!

Audi A6, e diretor de uma empresa farmaceutica, super simpático, viagem de 2 horas e tal, não parámos de falar… sobre tudo, história da Alemanha, amor, viagens, aventuras, política, América e comida. Parou para abastecer e ainda tive direito a um cappucino! Quere-se mais viagens destas, please! Onde andam os Alemães carrancudos que toda a gente falava? é que eu ainda não os encontrei.

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Chegueiii.

Ainda tive tempo de me ir despedir da Mafalda que estava por Berlim! <3

Às 5.30 encontrei-me com Hazem, 40 anos, natural de Cairo, Egipto. O meu host !

Chegámos a casa e de imediato falámos, é uma pessoa super interessante e com um coração enorme. Mostrei-lhe videos de Lisboa e como ele ficou apaixonado, queria logo marcar uma viagem, disse-lhe que quando for eu tenho que lá estar e nos próximos tempos não vai fácil encontrar-me (ahahah). Ele tinha uma guitarra,tocámos e cantámos… fez-me sentir saudades!

Depois nem vão acreditar! Fomos dançar SALSA! sim.. eu a dançar Salsa…

Antes de ir para a pista brilhar tive uma aula para principiantes… apanhei os passos básicos e lá me desenrasquei!

A pista abriu, as primeiras músicas dancei com o Hazem, mas depois o suposto era trocar de par. E assim foi:

Os dançarinos:

  • Um velho alemão com sapatos bicudos e padrão de vaca… (NEXT PLEASE)
  • Cubano da minha idade e sabia dançar! Ainda falámos espanhol… mas oh filho dançar e falar não dá.

Resumo da noite: Entrei pé de chumbo, saí pé de chumbo mas diverti-me à brava!

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E por agora é isto amigos! Até à próxima

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01/12/16

Marta Durán

I’TS COLD! FREE HUGS! :)

Estou em Dresden, Alemanha. Tudo está enfeitado de luzes natalinas, barraquinhas com comes e bebes e músicas dedicadas à época. Percorro a cidade com os olhos a brilhar, com um sorriso na cara e penso

”O Natal está aí”

Vejo as famílias na rua, vejo pedintes ao frio, vejo cantores de rua e artistas sem fim.

Hoje após um passeio pela cidade senti que faltava alguma coisa para completar o meu dia e o dias dos outros.

Está frio e bastante, a minha respiração transforma-se de imediato naquele vapor de inverno, quando era criança adorava fingir de dragão, na verdade ainda hoje brinco com o vapor , o nariz está vermelho já sou o Rodolfo e as mãos doem e estão inchadas.

Se eu me sinto assim as pessoas também, e falta um sorriso na cara destes Alemães!

Missão: abraçar, aquecer e fazer sorrir!

Foi a primeira vez que fiz isto na minha vida, tinha uma caneta comigo (das boleias) fui a uma loja e pedi uma folha, fácil. Meti-me no meio de uma rua movimentada e levantei o cartaz e sorri!

Perdi a conta das pessoas que me abraçaram… Crianças, adultos e velhotes. Não estava à espera, o tempo passou a voar e mais pessoas corriam em busca dos meus braços. Recebi sorrisos e muitos olhares tímidos.

Tenho um abraço que me marcou, aliás três. 3 crianças, refugiadas estavam a mendigar e não perceberam o meu cartaz, pensavam que eu também era pedinte. Até que lhes dei um abraço voltaram vezes sem fim para receber abraços. Falámos disse-lhes que era de Portugal e falei de Ronaldo sorriram e fingiram que estavam a jogar à bola, uma delas a brincar comigo até disse Messi. Este momento já valeu a pena!

Antes de vir para Alemanha o estereótipo já vinha, são pessoas frias que se cumprimentam com um aperto de mão, não são sorridentes e pouco comunicativas.

Sabem? Recebi abraços apertados, com amor e aconchego. Recebi palavras doces e suspiros fortes. Recebi muita alegria e paz e era isso que queria.

Hoje foi a minha vez de dar boleia aos outros com o meu abraço forte .

26/11/2016

Marta Durán

Checo-brasileiro

Depois de uma paragem rápida em Brno na casa de Pavel o nosso host surfer, que nos presenteou com um belo jantar, uma visita guiada à cidade, um mini concerto de piano e uma bela lareira.

Fizemo-nos à estrada, rumo à estação de serviço em direção a Praga. Não chegava a uma hora de espera quando um senhor com um belo de um Mercedes aceita supostamente levar-nos a outra estação de serviço já na auto-estrada, aceitámos prontamente.

Até que…

Pára na berma da auto-estrada e aponta para o outro lado onde estava a estação de serviço. Queria que atravessássemos para o outro lado a pé! Com carros a mais de 120km hora! TÁ LOUCO!!

Só pensei, é obvio que não vou passar isto a pé é morte certa. Lá nos deixou noutro sitio péssimo para apanhar boleia.

O ca**** estragou-nos o dia – Pensei

Lá ficámos naquele sitio que mal dava para os carros pararem. Não iríamos sair dali tão facilmente.

Plano bomba: Andar 40 minutos até essa mesma estação mas pelos caminhos de cabra. E assim foi. Mala às costas e um bom ritmo. Até parecia que estava a fazer os caminhos de Santiago de novo.

Chegámos à estação depois de uma boa caminhada… isto é de loucos.

Sentei-me, a Mafalda foi comer (GORDAAAA).

Estava à porta da bomba com o cartaz a dizer Praha, dali já não saia nem que dormisse ali.

Até que…. Patrick faz sinal afirmativo ao meu cartaz!  Que alegria!

Diretas para Praha… até que,  Patrick diz ”Podemos falar português a minha ex-mulher é brasileira e eu aprendji um pouco” Com aquele sotaque tão estranho e engraçado.

Só me posso rir, mas que coincidências… É sempre bom ouvir português quando estamos fora.

A Mafalda adormeceu, ficámos a falar do seu filho, de viagens, boleias, Brasil e sobre a Republica Checa!

Já quase a chegar a Praga convidou-nos para ir passear com o filho Samuel, que ia buscar assim que chegasse. Aceitámos claro! Levou-nos a Vysehrad Castle ofereceu-nos um cappucino e Trdelnik um bolo típico destas zonas (já tínhamos provado em Budapest, é tipo fartura mas no forno, na minha opinião menos enjoativo).

Demos um belo passeio com a nossa boleia… Pouco preciso de dizer, adorei esta boleia!

Obrigada Patrick e Samuel

”Vemo-nos por aí”

22/11/2016

Marta Durán

Budha em Viena

Esta viagem por mais Europeia que seja tem sido super espiritual, desta vez tive a sorte de ser hospedada por Rainbow, uma senhora que nasceu no Tibete mas por causa da guerra teve que fugir e acabou na Suíça, anos mais tarde decidiu ir viver para Viena onde hoje é terapeuta e massagista.

Quando entrei em casa senti-me em paz, o cheiro a incenso a imagem de Mahatma Ghandi e outros monges. Recebida com um abraço forte e 2 beijinhos, quando esta mulher falava transmitia uma paz enorme… contou-me histórias incríveis.

Além de mim e da Mafalda estavam mais couchsurfers, um Indiano, um Americano e o Alex um Romeno. Tal vai a misturada!

O Alex veio explorar connosco a cidade, tudo a pé! Queria ele que comprasse um passe diário de 7 euros.

‘’Oh amigo a sola do meu sapato ainda não está gasta, consegue andar a cidade toda.’’

E assim foi percorremos a cidade toda a penantes e não tenho uma opinião muito concreta sobre Viena, tem edifícios lindíssimos e com uma arquitectura diferente e antiga. Apanhámos muitos mercados natalícios o que enriquecia mais a cidade!

20/11/2016

Marta Durán